Caminhos da Serra: Maciço do Tinguá e Serra do Couto

Consiste num maciço montanhoso imponente, com formato dômico bem definido, bastante elevado (1.600m de altitude), destacando-se topo-graficamente na escarpa da Serra do Mar, junto à Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

O distrito de Conrado (antigo Sertão) foi criado em 1957, subordinado ao município de Vassouras. Em 1987 foi desmembrado e anexado a Miguel Pereira. O distrito é formado pelas localidades de Conrado, Santa Branca, Mangueiras e Paes Leme. A área em que se cogitou abrigar a cidade de Isabelópolis hoje se encontra em terras da Reserva Biológica do Tinguá. Estando em ruínas escondidas sobre a vegetação de Mata Atlântica. Isabelópolis, nome sugerido pelo idealizador da homenagem, o nobre Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, o Barão de Paty do Alferes, formaria com Petrópolis e Teresópolis um corredor de cidades serranas fluminenses em homenagem à família imperial. O nome batizaria o antigo distrito de Sant’Anna das Palmeiras, criado em outubro de 1855 sob forte lobby do barão, com o intuito de concretizar seu projeto, e pertencente à Vila de Iguassu, atual Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A região de Sant’Anna, a então futura Isabelópolis, era cortada pela Estrada do Comércio, uma das principais vias de escoamento do café das fazendas do Sul do estado, e de produtos vindos de Minas Gerais. Foi próspera até por volta de 1880, quando atingiu seu auge. Mas vieram a estrada de ferro, que esvaziou a Estrada do Comércio, e a ampliação da rede de abastecimento de água da Corte, com a captação na região.


Atua como zona dispersora de águas entre as bacias das baías de Guanabara e de Sepetiba, alojando as nascentes de importantes drenagens dessas bacias, tais como os rios Iguaçu e Tinguá, que drenam para a Baía de Guanabara, e rios Douro e Santo Antônio, que drenam para a Baía de Sepetiba. Em seu topo, ressaltam cristas de estruturas anelares, sugerindo o rebordo de uma antiga cratera vulcânica.

Esse rebordo está erodido apenas em sua porção sudoeste pelas cabeceiras de drenagem do rio Douro. A face sul do Maciço do Tinguá forma um escarpamento íngreme e imponente em direção às baixadas litorâneas.

A Serra do Tinguá, nos contrafortes da Serra do Mar, no município de Nova Iguaçu, ainda abriga mananciais de água potável e, em 1880, assistiu à construção do Reservatório do Rio D’Ouro. O bairro ganhou importância estratégica para o município em 1883, quando da construção da Estrada de Ferro Rio d'Ouro, que começava no bairro do Caju, no Rio de Janeiro e terminava em Rio D’Ouro. Uma das principais funções da estrada de ferro foi a construção e a manutenção dos aquedutos que abasteciam o Rio de Janeiro, então sede da Corte. A estrada de ferro foi desativada e suprimida na década de 1970 e o bairro perdeu a importância que tinha, sendo atualmente um bairro de caráter rural nas proximidades da Reserva Biológica do Tinguá. O antigo leito da linha férrea originou a atual rodovia vicinal RJ-113, mais conhecida localmente como Estrada de Jaceruba, sendo um dos principais acessos ao bairro.

Esse limite morfológico é abrupto, onde o escarpamento mergulha sobre uma baixada pontilhada de colinas e morrotes isolados e pela planície fluvial do rio Iguaçu, onde se situam as localidades de Adrianópolis, Cava e Rio Douro. Na face norte, delimita-se com a escarpa da serra da Bandeira, através do profundo vale do rio São Pedro, ou com o seu alto curso suspenso e aplainado, que segue aproximadamente o contato litológico entre as rochas alcalinas e as rochas cristalinas encaixantes.

Em sua face leste, o importante escarpamento do maciço tem continuidade em direção a Petrópolis por meio da serra do Couto, conferindo aspecto monolítico a esse trecho da Serra do Mar. As vertentes estão protegidas por densa cobertura florestal, principalmente dentro da Reserva Biológica do Tinguá.

O bairro tem caráter essencialmente rural e conta com diversas entidades e organizações não governamentais ligadas à ecologia e à proteção ambiental devido à existência da Reserva Biológica Federal do Tinguá, criada pelo Decreto Federal 97 780, de 23 de maio de 1989, que mantém parte da Mata Atlântica. Teve grande importância durante o século XIX por causa da antiga estação ferroviária de mesmo nome fundada em 1883 e desativada em 1964.


Todavia, esta vem sofrendo um processo inicial de ocupação devido à pressão urbana crescente exercida pela ocupação da Baixada Fluminense, visto que o Maciço do Tinguá situa-se em zona periférica desse grande núcleo de adensamento populacional. As escarpas das Serras do Couto consistem numa muralha montanhosa, alçada por tectônica, que delimita o recôncavo da bacia da Baía de Guanabara.

Na sua porção ocidental, esse escarpamento está separado da escarpa degradada da Serra das Araras pelo profundo vale do rio Santana, impresso sobre o Lineamento Jacuecanga-Conrado, e prolonga-se ininterruptamente em direção a leste, como um paredão monolítico, até às cabeceiras do rio Macacu, nas proximidades de Nova Friburgo.

As terras que hoje formam o Vale das Videiras pertenciam ao município de Vassouras. Por serem impróprias para a plantação de café, o “ouro negro” da época, foram deixadas de lado pela comarca. O nome “Vale das Videiras” se deve a tentativa fracassada de transformar a região em uma próspera vinícola, cuja iniciativa partiu de imigrantes vindos do sul italiano. O valor da região estava na geografia desta, em que haviam rotas para viajantes e fazendeiros que iam e vinham da região central de Vassouras, Paraíba do Sul e Três Rios. Tropeiros, vaqueiros, negociantes, viajantes de todas as partes e de todas as classes circulavam por este trecho levando e trazendo várias mercadorias – de ouro a pinga. Quando chovia, a estrada se tornava um atoleiro cheio de obstáculos. Isso obrigava os viajantes a interromper a viagem e esperar as condições climáticas melhorarem.

Esse escarpamento caracteriza-se como um relevo de transição entre os terrenos planos e elevações isoladas do recôncavo da baixada da Baía de Guanabara e a zona montanhosa do planalto reverso da Região Serrana).

Esse escarpamento é drenado pelas principais bacias de drenagem que desembocam na Baía de Guanabara, tais como as bacias dos rios Iguaçu-Tinguá, Estrela-Saracuruna-Inhomirim, Suruí, Santo Aleixo e Macacu-Guapiaçu-Guapimirim.

Localizado no Vale do Belvedere, divisa de Duque de Caxias e Petrópolis, descida da BR 040, o acesso ao Aviário é realizado pela estrada de chão, chamada Aviário. Esta área segura toda água que vem de longa distância, por ser uma região de vale. A bacia  tem de 10 a 12 km² de água. Após a instalação do atual pedágio, os moradores do Aviário ficaram limitados a passarem pela Estrada do Aviário (uma estrada de terra com crateras, e que quando chove fica alagada. Quando chove forte, o rio que se encontra na região transborda impossibilitando a passagem de moradores que moram depois do cruzamento da Rodovia, forçando-os a passarem pelo pedágio da BR-040Rodovia Washington Luiz.

Na porção oeste, o rio São Pedro drena as vertentes íngremes da serra da Bandeira e do Maciço alcalino intrusivo de Tinguá em direção à Baixada de Sepetiba.

A serra da Bandeira consiste num prolongamento ocidental da serra do Couto, que contorna o Maciço do Tinguá e termina junto à localidade de Japeri, no médio curso do rio Guandu. Registra altitudes em torno de 600 a 800m; no seu topo, observa-se uma pequena zona colinosa que se caracteriza como um remanescente de uma superfície aplainada alçada a mais de 700m de altitude.

O rio Facão, principal afluente na parte alta do Rio Santana, este nasce na Serra do Couto em altitudes de 1.800 metros, sendo este o ponto culminante da Bacia. Este afluente possui cerca de 8,5 km de curso sinuoso e em sua maior parte turbulento. As cabeceiras encontram-se protegidas por matas. O vale apresenta pequenos trechos em várzeas, onde as escarpas se afastam da margem do rio, muito utilizadas para a criação de gado. A região possui um único povoado, Marcos da Costa, situado próximo à sua foz, localizada no entorno do Caminho do Ouro, entre a REBIO de Araras e a REBIO do Tinguá. Na localidade há pequenas propriedades rurais com destaque à agropecuária de diversas culturas plantadas, incluindo capim para o período de entressafra na região do Vale das Princesas e de alguns haras. Na beira da estrada um pequeno centrinho, com presença de escolas, igrejas, campo de futebol e mercearia. Ao longo da estrada, com a proximidade com o município de Petrópolis voltam a aparecer as casas de veraneio. As regiões do Vale das Princesas, Marcos da Costa e Vila Suzano. Na comunidade da Fazenda Inglesa, entra-se a Estrada da Vargem Grande, estrada histórica de terra conhecida também como Caminho do Ouro, que liga Petrópolis a Miguel Pereira e leva até esses povoados. Por esse caminho, ainda podem ser vista as Ruínas da Fazenda do Capitão Marcos da Costa Construída em 1712, teve sua base em pedras de cantaria colocadas por escravos. Marcos da Costa da Fonseca Castelo Branco, foi almoxarife da Fazenda Real do Rio de Janeiro, em 1708.

Entre as serras da Bandeira e do Couto e a serra de Miguel Pereira, localiza-se a bacia do alto curso do rio Santana, que consiste num relevo montanhoso inserido entre dois alinhamentos de escarpas, drenando diretamente para a Baixada de Sepetiba.

Apesar de sofrer declínio econômico devido à abolição da escravatura em 1888 e ao esgotamento das terras devido à exploração inadequada das plantações de café, o desenvolvimento urbano de Miguel Pereira é impulsionado no início do século XX, quando foi aberto ramal auxiliar da estrada de ferro Melhoramentos, que, partindo de Japeri, na baixada Fluminense, atingia o rio Paraíba do Sul na cidade de Paraíba do Sul. O eixo ferroviário estimulou o nascimento de povoações que, em sua maioria, abrigavam os próprios trabalhadores da ferrovia. Este é o caso de Governador Portela, onde parte das áreas urbanas era de propriedade da Rede Ferroviária Federal - RFFSA, que construiu toda uma vila residencial destinada aos ferroviários. Esta característica é responsável pelo desenvolvimento da sede distrital que ocorreria antes de Estiva, atual Miguel Pereira.

A unidade caracteriza-se por uma majestosa e abrupta barreira orográfica, sendo que sua linha de cumeada apresenta uma significativa elevação de oeste para leste na serra do Couto (de 900 para 1.500m), destacando- se o Morro do Caramujo (1.400m).

No colo de Petrópolis, sob denominação local de serra da Estrela, o alinhamento montanhoso sofre uma inflexão de direção N-S, provavelmente condicionado por estruturas regionais de orientação SSW-NNE. A leste de Petrópolis, a direção original é retomada na Serra dos Órgãos, atingindo altitudes superiores a 2.000m (Pedra do Sino – 2.263m; Pedra do Açu – 2.218m).

Vila Inhomirim ou Raiz da Serra é o bairro onde, no passado, se iniciava a subida da locomotiva que empurrava os vagões da composição que vinha da estação ferromarítima de Praia de Mauá em direção à cidade de Petrópolis, parte da E. F. B. Mauá, primeira ferrovia comercial do país. Atualmente é o terminal do ramal Inhomirim ↔ Saracuruna ↔ Central, operado pela Supervia, com circulação de três composições movidas a diesel fazendo o primeiro trecho desta ligação. No Passado se chamava ''Nossa Senhora da Piedade do Inhomirim'' que pertencia a Vila de Iguassú, atual Nova Iguaçu. Com a divisão e emancipação do distrito de Vila de Estrela de Nova Iguaçu, e voltando no final ainda no século 19, toda região de Vila Inhomirim foi incorporada a Magé, pela distância do centro de Vila de Iguassu e Maxambomba. Logo depois já nos anos 40 veio a emancipação de Duque de Caxias de Nova Iguaçu, porém a região continuou sendo de Magé,

O Caminho Novo foi aberto por Garcia Rodrigues Paes e levava vinte ou trinta dias de viagem, um terço do tempo feito pelo Caminho Velho. Ele iniciava num porto do rio Pilar, que desagua no fundo da baía da Guanabara, subia a Serra do Mar na altura de Xerém, passava por Marcos da Costa, Paty do Alferes e Paraíba do Sul, onde havia um Registro para a fiscalização colonial, e seguia para as Minas Gerais, passando por Juiz de Fora e Barbacena.

Ocorre que a subida do paredão da Serra do Mar, em Xerém, era muito íngreme, onde muitas vezes pessoas e mulas carregadas rolavam ribanceira abaixo. Depois de vinte anos de sofrimento, Bernardo Proença, um rico fazendeiro da região, se propôs abrir uma nova subida da Serra por antiga trilha de índios em sua fazenda. Aceita a proposta, Proença construiu o Porto da Estrela no fundo da baía da Guanabara, onde é hoje a Praia de Mauá, e que se tornou logo uma importante vila, depósito e escoamento de mercadorias.

O bairro Meio da Serra está localizado na subida da Serra de Petrópolis na divisa com Magé. Nele, se localiza a RJ-107 conhecida como Serra Velha da Estrela, Serra Velha ou Estrada Velha da Estrela. Ali é o que se chama de "bairro bimunicipal", pois são dois bairros (dois municípios cortados por uma estrada) que se comportam como um só. Quem passa por ali vê um lugar homogêneo. De lá se tem uma bela vista para a Baía de Guanabara e arredores. Possui uma antiga estação ferroviária que atualmente se encontra descaracterizada e convertida em uma moradia. O prédio da antiga estação foi inaugurado em 1883 pela Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará (posteriormente denominada como Linha do Norte da Estrada de Ferro Leopoldina) e foi desativado em 1964, logo após a extinção do trecho serrano da linha férrea.  Nomeadamente o centro originário do bairro – foi onde se fixou o Núcleo Fabril da Cia. Fiação e Tecidos Cometa nos fins do século XIX. A Fábrica possuía linha ferroviária própria, com acesso pouco depois da estação Meio da Serra. A fábrica ainda tem suas ruínas e chaminés visíveis no meio da mata.

Esse porto, com sua capela em louvor de Nossa Senhora Estrela dos Mares, está hoje em ruínas, mas ainda pode ser visitado. Ele foi o início da variante do Caminho Novo, por onde os tropeiros subiam a Serra do Mar, atravessando a exuberante encosta da nossa Serra Velha. Chegando ao alto, a Variante de Proença seguia em direção à área onde hoje está situada a Estação de Transbordo Imperatriz Leopoldina, passando pela fazenda do Córrego Seco, onde, mais tarde, surgiria Petrópolis.

Utilizando apenas pás, picaretas e enxadas, operários venceram os obstáculos existentes na Serra de Petrópolis e foram erguidos três viadutos no caminho para a cidade imperial. Uma locomotiva com vagonetes (que se encontra atualmente no Museu Rodoviário de Mont Serrat) ajudou na construção da estrada, que foi inaugurada em 25 de agosto de 1928. Para se cumprir este objetivo foi preciso vencer a Baixada Fluminense, que possuía na época profundos banhados, e a Serra do Mar, que desafia a todos com suas encostas íngremes e quase intransponíveis.

A linha Rio x Petrópolis, operada pela Unica/Fácil já foi operada pela UTIL, que faz atualmente ligação entre o Rio de Janeiro e o Vale do Paraíba Fluminense. A empresa UTIL surgiu em Petrópolis em 1936, e as viagens inauguram-se em abril de 1937, com o serviço de transporte de passageiros por ônibus entre Petrópolis e Rio de Janeiro. 

O resultado foram vias com rampas de oito metros de largura, raio mínimo de 50 metros e tangente mínimo de 40 metros. Curvas sinuosas da Rodovia Washington Luiz. Concluídas as suas obras, a Rio-Petrópolis passou a ser uma das mais modernas rodovias da América Latina, com 47,5 Km de pavimento em concreto de cimento, 11, 5 Km de pavimento em macadame betuminoso e 3 km pavimentados em paralelepípedo totalizando sessenta e um quilômetros de via. Nos anos de 1935 e 1936, a Rio – Petrópolis recebeu obras de arborização na serra e reformas. E para quem gosta de apreciar a paisagem da serra, foram abertos espaços para estacionamento, postos telefônicos e a “Polícia das Estradas”.

No final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o distrito ficou famoso nacionalmente por abrigar uma fábrica de revisão de motores de avião. Logo em seguida, porém, a fábrica passou a fabricar caminhões da marca italiana Alfa Romeo. Nos anos 1970, a fábrica foi vendida para a Fiat, que veio a desativá-la. 

Na noite do dia 3 de janeiro de 2013, o distrito foi atingido por uma forte chuva. Devido ao enchimento e vazão abrupta da comporta de uma das barragens do rio que corta a localidade, muitos dos seus bairros e sub-bairros, de topografias decrescentes, foram alagados. A Prefeitura de Caxias decretou estado de emergência após esse desastre.


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3 comentários:

  1. Linda matéria. Adoro o tema que ao meu ver é pouco explorado.

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  2. Linda matéria. Adoro o tema que ao meu ver é pouco explorado.

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  3. Parabéns pela matéria . Ótimo conteúdo.

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