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BARRA ALEGRE | Bom Jardim

No período antecedente a última metade do século XVIII apenas transitava por esta região alguns poucos grupos indígenas, em busca das margens do baixo rio Grande, ou do caminho menos longo, em direção ao vale do Paraíba. Dos quais, na vertente do Rio Grande, no atual município de Bom Jardim, chegou a ser consolidado um aldeamento de índios Guarulhos. Esta região, serviu de abrigo a grupos indígenas como os: Coroados, Puris, Coropós e Guarus. Para além dos grupos indígenas, Pesquiss apontam a possível existência de grupos quilombolas neste período.


A geografia acidentada, a distância dos centros e a precariedade do acesso levaram a um movimento migratório. Atualmente restam menos de 8 famílias morando e produzindo na região. Há também três reservas particulares do patrimônio natural, RPPN, ou seja, áreas de conservação da natureza em terras privadas. O proprietário é quem decide se quer fazer de sua propriedade, ou de parte dela, uma RPPN, sem que isso acarrete em perda do direito de propriedade. As RPPNs são unidades de conservação de proteção integral e perpétua, cujo maior objetivo é manter a diversidade biológica. Sendo permitidas na reserva atividades recreativas, turísticas, de educação e pesquisa, desde que sejam autorizadas pelo órgão ambiental responsável.


A partir de meados do século XVIII, alguns exploradores, principalmente de origem portuguesa, em companhia de trabalhadores escravizados e assalariados, também começaram a percorrer esta região na busca de metais preciosos. Assim, iniciando o processo de colonização deste espaço, com a fixação de ‘pousos de tropa’ em suas terras, destinados a servir de abrigo aos viajores e aventureiros. Posteriormente, estas expedições instigaram o surgimento de diversas lendas sobre os aventureiros que circularam pela região, a começar pelo famigerado “Mão de Luva.

A presumível existência de minas auríferas nesta região levou o Governo Metropolitano a nomear dois Guardas-Mores, com jurisdição que abrangia as ‘Novas Minas do Sertão de Cantagalo’, no último quartel do século XVIII. Assim, o Governo visava dificultar o acesso a região e o contrabando de ouro, observável em fins do século XVIII. Entretanto, as expedições em busca de metais preciosos logo demonstraram não serem compensatórias, em vista da ínfima quantidade encontrada nas regiões elevadas das vertentes do rio Grande, que exigiam um extenuante trabalho para serem encontradas, assim, nos anos subsequentes foram abandonadas.

As investidas governamentais contra os grupos de aventureiros que buscavam ouro, juntamente com a colonização oficial da região de Cantagalo, a partir de fins do século XVIII, ensejaram numerosos pretendentes a requererem do Governo a posse de Sesmarias na região, que atualmente compreende o município de Bom Jardim. Dentre os requerentes de Sesmaria na região, um dos pioneiros foi o Padre Vicente Ferreira Soares, que obteve a escritura da ‘Fazenda Bom Jardim’ em 1805. Além da ‘Fazenda Bom Jardim’, destaca-se a estruturação das seguintes fazendas, de fins do século XVIII a princípios do século XIX na região que atualmente compreende o município de Bom Jardim: ‘Fazenda Santa Teresa’, ‘Fazenda de Santa Bárbara’, ‘Fazenda da Soledade’, ‘Fazenda da Boa Vista’, ‘Fazenda de Santa Rita’, ‘Fazenda da Barra Alegre’, ‘Rancharia’, ‘Sesmaria de Santo Antônio’, ‘Fazenda Nossa Senhora do Socorro’, ‘Fazenda Barra Alegre’ e ‘Fazenda Campo Alegre’.

Neste processo, os primeiros núcleos populacionais na região que atualmente forma o município de Bom Jardim teriam se formado “na margem do rio São José, na zona compreendida pela Serra dos Órgãos, cuja colonização se atribui à influência irradiadora da cultura cafeeira, para o interior da província, verificado em princípios do século citado (XIX)”. Ao iniciar-se o século XIX, observa-se um crescente afluxo de famílias para a região, que se disseminaram pelos quadrantes das fazendas já existentes. Levas migratórias que eram atraídas pelas possibilidades de desenvolvimento da agricultura na região.


A expansão das atividades agrícolas na região em princípios do século XIX, destinavam-se, principalmente, a abastecer a área mineira com alimentos. Assim, observa-se que neste contexto o interior fluminense foi devassado com a construção de estradas ligando a região mineira ao litoral em que se constituíam fazendas. Desta forma, a área foi sendo progressivamente aberta à penetração de fazendeiros vindos quase sempre de Minas Gerais e que preparam o terreno para o advento das fazendas de café que, já em na primeira metade do século XIX, vinham se “estendendo ao longo do Vale do Rio Grande”.

Fazenda Jorge Tardin em Barra Alegre - Foto: Reprodução da internet

Ao longo deste processo, observa-se que a maioria das fazendas anteriormente instituídas foram sendo divididas e subdivididas nas primeiras décadas do século XIX. Com a dinamização da agricultura na região, grande parte da mata nativa existente acabou por ser derrubada, abrindo espaço para a produção, principalmente, de cafeeiros, como também de cereais e arvores frutíferas, que produziam instigantes colheitas. A expansão da produção cafeeira para esta região teria se dado, sobretudo, a partir da década de 40 do século XIX, fazendo parte do segundo eixo de expansão de produção desta rubiácea: O segundo eixo partiu da baixada fluminense, onde as principais localidades cafeeiras estavam em São Gonçalo e Vila de Santo Antônio de Sá (atual Itaboraí). De lá o cultivo do café chegou a Cantagalo, na década de 1840, e fez uma nova penetração para o nordeste alcançando Nova Friburgo, Aldeia da Pedra (atual Itaocara), Bom Jesus de Monte Verde (atual Cambuci) e São Fidélis de Sygmaringa.


Acerca da produção cafeeira nesta região, merece destaque o papel desempenhado pelo imigrante português Antônio Clemente Pinto, primeiro barão de Nova Friburgo, que enriquecera com o comércio do café e tráfico de escravos. Em meados do século XIX Pinto já possuía: uma das maiores fortunas de todo o país, proprietário de duas dezenas de fazendas, nas regiões de Nova Friburgo, Cantagalo e São Fidélis, e imóveis urbanos, como os palacetes Nova Friburgo (atual palácio do Catete), localizado na Corte, e do Gavião, em Cantagalo.


O processo migratório para a região ainda seria incrementado por suíços e alemães no inicio do século XIX. A partir da segunda década deste século, começaram a ser estabelecidas colônias de migrantes suíços e alemães em Nova Friburgo. As quais somar-se-iam levas de migrantes italianos a partir de fins do século XIX. Neste sentido, lembra-se que as levas migratórias, em inícios do século XIX, eram motivadas pelas dificuldades enfrentadas na Europa. Onde as terras desgastadas tinham um baixo rendimento produtivo e estavam extremamente concentradas nas mãos de poucos latifundiários. Ao mesmo tempo, os impostos eram bastante elevados e a concentração populacional alta. Por sua vez, a intensa industrialização também não apresentava melhoras para grande parte da população, em vista das paupérrimas condições de trabalho oferecidas aos contingentes proletarizados.

O Bar Mercearia Bossa Nova foi construído por Jorge Tarden na década de 1960, em vista do grande número de visitantes que chegavam à propriedade, atraídos pelas partidas de futebol. Ao lado desta edificação havia também a padaria “Panificação Jorge Tardin”, construída no mesmo período do bar. Atrás destas edificações encontra se o campo de futebol. - Foto: Reprodução da internet


Por outro lado, havia o interesse de países com ‘vazios demográficos’, como o Brasil, em atrair estes imigrantes, o que foi realizado através de ações estatais, principalmente na primeira metade do século XIX, como também por meio de empresas colonizadoras, de capital privado, que ganharam maior expressão a partir da segunda metade do século XIX. Com a atração de imigrantes europeus para regiões de terras ‘disponíveis’, o governo imperial Brasileiro objetivava: o branqueamento racial; ocupação de ‘vazios demográficos’, em vista dos constantes conflitos com os países platinos; valorização fundiária destas terras; disseminação de técnicas e produtos praticados na Europa; além da vinculação da produção oriunda destas regiões aos circuitos mercantis estabelecidos.


Com estes objetivos foram distribuídas sementes de centeio, trigo e cevada para os migrantes, como também tentou-se o cultivo de uva na região. Todavia, como em outras partes do Brasil, a colonização se mostrava hostil a floresta e avessa aos seus produtos. Desta forma, os migrantes logo adotaram os procedimentos comuns na agricultura e criação brasileiras fazendo largo uso do fogo como instrumento de destruição da mata. Por outro lado, também passaram a praticar técnicas que contemporaneamente vem sendo percebidas como extremamente sustentáveis, onde o exemplo mais expressivo é a prática do pousio, herança deixada pelos povos indígenas.

Pelas limitações de desenvolvimento da agricultura em grande parte das terras localizadas na região centro nordeste do atual município de Nova Friburgo, muitos migrantes e seus descendentes passaram a buscar novos espaços, que poderiam ser mais produtivos. Desta forma, significativas levas de colonos suíços e alemães acabaram adquirindo terras na região que atualmente compreende o município de Bom Jardim, incrementando o desenvolvimento da agricultura neste espaço, com destaque para a produção de café; como também contribuindo para uma maior complexidade sociocultural neste território.


Juntamente, estas levas de migrantes incrementaram o processo de devastação da fauna e flora da região, que seriam registrados pelo viajante Burmeister em meados do século XIX, quando “lamentava que a beleza e a diversidade da Mata tivessem sido sacrificadas no Vale do Bengala e do Rio Grande. Já não se viam veados, macacos e antas”. Os reflexos do vigoroso desmatamento posto em curso na região a partir de inícios do século XIX, e fortemente dinamizado com a expansão da produção cafeeira para a região, ainda podia ser claramente observado em meados do século XX, conforme é destacado no relatório referente ao município de Bom Jardim, na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, de 1959: O revestimento florístico da região é representado apenas por capoeiras e capoeirões, resultado do devastamento das matas, em épocas remotas, para o plantio do café. É, pois, o município pobre em sua vegetação, muito embora ainda encontrem-se algumas madeiras de lei, como cedro, camélia, peroba, ipê, jequitibá e variedades de plantas medicinais e frutos oleaginosos (IBGE, 1959:).

Paredão ao fundo do distrito de Barra Alegre - Foto: Reprodução da internet

Entretanto, neste aspecto torna-se de crucial importância observar-se os diferentes impactos dos dois sistemas de organização socioprodutivas que coexistiam na região a partir da primeira metade do século XIX. No antigo distrito de Cantagalo dominavam as fazendas escravocratas, promovendo uma verdadeira destruição da floresta. Já nas regiões de maior altitude e com terrenos mais acidentados, em que se destacam três dos quatro distritos Barra Alegre, São José do Ribeirão, Duas Barras, onde não se verificou exploração intensiva do café e de outros gêneros tropicais, a natureza pode ser mais preservada, mas mesmo assim observando-se um significativo desmatamento, também nestas regiões. Somente a partir de meados do século XX observa-se a regeneração de parte destas matas, principalmente nas partes mais elevadas dos morros. Com o constante crescimento populacional da região que atualmente compreende o município de Bom Jardim, a mesma foi elevada a condição de freguesia, em 1857. Conforme relatório do IBGE, de 1959: Esse florescente povoado recebeu o predicamento de freguesia por força do Decreto nº 969, de 13 de outubro de 1857, que estava assim redigido: Artigo 1º - fica ereta em freguesia – com a mesma invocação – a Capela de – São José do Ribeirão – no município de Nova Friburgo.


No período anterior ao último quartel do século XIX a produção de café e demais gêneros agrícolas de menor expressão, produzidas nesta freguesia, era transportada por tropas de muares para a estação da estrada de ferro Cachoeiras de Macacu. O que foi modificado em fins de 1873, com a inauguração de uma estação da Estrada de Ferro Cantagalo na sede municipal de Nova Friburgo, de onde a produção da região passou a ser escoada a partir de então.


A extensão desta Estrada de Ferro para a região que atualmente compreende o município de Bom Jardim parece ter criado sérias controvérsias. Pois, teria sido justamente pelo “fato de se negarem os habitantes da freguesia de São José do Ribeirão a consentir na passagem dos trilhos da Estrada de Ferro Cantagalo por suas terras, receosos de que as fagulhas das locomotivas viessem a danificar suas plantações” que o município tomou o nome de Bom Jardim. Destarte controvérsias existentes, em março de 1875 foi inaugurada a Estação Leopoldina, em Bom Jardim, a qual já estaria em franco funcionamento alguns meses antes de sua inauguração. A inauguração desta Estação teria sido o marco inicial e decisivo do progresso agrícola e comercial, que rapidamente se verificou nestas margens do rio Grande, e foi igualmente o principal motivo para o acelerado crescimento do então pequeno povoado. Com o expressivo crescimento, em 21 de novembro de 1877, foi criado um distrito de Paz no lugar denominado ‘Bom Jardim’.

Pela rua principal de Bom Jardim passavam os trilhos da linha do Cantagalo. Isto acontecia em muitas das cidades do Rio de Janeiro e de outros Estados. Foto: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1958.

Todavia, este vertiginoso crescimento teria sofrido um forte refluxo com a abolição da escravatura no Brasil, em 1888, resultando na derrocada final da economia cafeeira latifundiária escravista do país, que vinham em crise ascendente a partir do último quartel do século XIX. Deste processo resultaram profundas transformações, principalmente na cultura cafeeira, que era a de maior expressão na zona rural da região. Desta forma: as lavouras, em todas as localidades ficaram abandonadas durante algum tempo, mas depois se foram reorganizando aos poucos e mais tarde a produção chegou a nível bastante elevado.

Neste sentido, deve-se observar que grande parte da produção cafeeira na região que atualmente conforma o município de Bom Jardim não sofreu de forma tão drástica com a abolição da escravatura, em vista de a lógica produtiva predominante nas mesmas não ter sido estruturada com mão de obra escrava. Pois Barra Alegre, São José do Ribeirão [que são dois dos quatro distritos que atualmente formam o município de Bom Jardim] Duas Barras e parte do Carmo, onde a influência europeia era forte e o regime escravocrata não tinha lançado raízes tão profundas como noutros recantos da Comarca (de Cantagalo) quase não sofreram o impacto do 13 de maio. Em certo sentido até progrediram mais do que na fase anterior, ampliando seus cafezais e tirando partido da ferrovia a pouco inaugurada para intensificar a produção.

Entretanto, mesmo estas regiões não deixaram de sofrer os impactos do processo de crescente diminuição de produtividade do solo, observável nos cafezais da serra fluminense a partir de fins do século XIX, mas sentido de forma mais incisiva nesta região ao longo dos últimos anos do século XIX e primeira metade do XX.


No conturbado contexto político nacional da última década do século XIX e primeira do século XX, observa-se ter ocorrido intensa movimentação política na região de Bom Jardim. Expressão desta movimentação, conforme destacado no relatório do IBGE, de 1959, foram as constantes redefinições nos marcos políticos administrativos na região: Em 24 de março de 1891, já sob o regime republicano, com a criação do município de Cordeiro, por força do Decreto número 180, Bom Jardim passou a constituir um de seus distritos, sendo desmembrado de Cantagalo. Logo após o Decreto número 280 de 06 de julho deste mesmo ano, vinha criar o município de São José do Ribeirão, tendo sede na povoação do mesmo nome, sendo constituído pela atual freguesia desta invocação, desmembrada do território do município de Nova Friburgo. Pouco tempo, porém, durou esta situação. Pelo Decreto número 1 de 08 de maio de 1892, retificado pelo de número 1-A, de 03 de junho do mesmo ano, foi suprimido não só o município de São José do Ribeirão, voltando a fazer parte de Nova Friburgo, como também – ao qual foi anexado o distrito de Bom Jardim, continuando a pertencer à comarca de Nova Friburgo, como também foi extinto o município de Cordeiro, cujas terras, incluídas as de Bom Jardim, retornaram a Cantagalo. Entretanto, este conjunto de redefinições teria tornado ainda mais complexa a situação político administrativa na região. Assim, ainda em dezembro de 1892, O governo, como que achando uma solução para o problema administrativo daquela região, resolveu, por efeito da Lei que tomou o número de 37, assinada aos 17 dias de dezembro de 1892, restabelecer o município de São José do Ribeirão, ao qual foi anexado o distrito de Bom Jardim, que continuou a pertencer à comarca de Nova Friburgo. No dia 05 de março de 1893, dando cumprimento ao estatuído na Lei número 37, de 17 de dezembro de 1892, que criava o município, foi ele reinstalado, dessa vez, porém, com o nome de Bom Jardim estipulado na legislação. 

Perímetro urbano de Barra Alegre - 4º distrito de Bom Jardim - RJ - Foto: Reprodução da internet

Desta forma, estava então criado o município de Bom Jardim, em 1893, com um número total de habitantes de 13.221. Todavia, poucos anos depois, em 1906, o progresso da região ensejou fosse feita uma nova alteração administrativa na divisão territorial do município, em que, por efeito da Lei número 734, de 21 de setembro de 1906, foi criado mais um distrito de Paz no município de Bom Jardim, sob a designação de 3º, com sede no lugar denominado Barra Alegre. Sendo a Comarca de Bom Jardim criada em 23 de agosto de 1921, Lei de número 1839. Sendo, em 27 dezembro de 1929, a cidade de Bom Jardim, sede do município, elevada a esta categoria, por efeito da Lei Estadual número 2335.


Todavia, em 31 de dezembro de 1943, no contexto da ditadura Estadonovista no Brasil (1937-1945), o nome do município, muito a contragosto de seus habitantes, foi modificado para Vergel, por força da Lei Estadual de número 1056. O que perdurou por um curto período de tempo, retornando a denominação de Bom Jardim em 20 de junho de 1947, em meio as reconfigurações da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, denominação que se mantém até o contexto atual.

O distrito de Barra Alegre no município de Bom Jardim, foi colonizado por migrantes internos oriundos das terras das Minas Gerais exploradas pela obsessão provocada pelo ouro, que trouxe grande riqueza para alguns e imensas desgraças para outros. Os primeiros habitantes da região de Pedra Aguda foram da família Tardim. Eles chegaram por volta de 1880 e, em meados de 1940, foram seguidos pelas famílias Maciel e Schot. A principal atividade destas famílias era a agricultura de subsistência. Sua população teve auge na década de 1970, quando foi fundada a escola municipal, exclusivamente para a comunidade.

Esta fase marca o fim do século XVIII e início do XIX. Mas as ricas terras atraíram também famílias que abandonavam as terras do recôncavo da Guanabara, em buscas de terras mais férteis para a plantação de café, então decadente na região do em torno da baía de Guanabara, na primeira metade do século XIX.


A segunda metade do século XIX marca a chegada de imigrantes suíços e alemães ao território que pertencia à Nova Friburgo. No início do século XX foi à vez da chegada dos italianos. Este caldeirão étnico cultural ainda era complementado pelos africanos e seus descendentes, mantidos como escravos até 1888.


O distrito de Barra Alegre fugiu um pouco do contexto traumático sofrido pelas áreas agrícolas no pós-abolição, fim do século XIX e início do XX. Se observa no Distrito de Barra Alegre, a emergência de iniciativas que visam contribuir com este movimento de redefinição da concepção acerca do rural e de sua revalorização, concebidas como sendo de crucial importância na construção de uma sociedade mais equitativa e menos excludente.


O Distrito de Barra Alegre é considerado um dos distritos mais rurais do Município, possuindo um conjunto de vilarejos agrícolas, com uma grande extensão territorial.

Exposição Agropecuária de Bom Jardim em Barra Alegre - Foto: Reprodução da internet

Destaca-se o período a partir de 2006 onde o Distrito de Barra Alegre passou a ser o novo pólo industrial de Bom Jardim, recebendo diversas fábricas e indústrias do setor de plástico e de outros segmentos, que por conta dos incentivos fiscais, baseados na Lei Estadual nº 5.636/2010 (originalmente 4.533/2005, conhecida como Lei Rosinha) que reduzia a 2% o ICMS cobrado das empresas e também das linhas de crédito do Fundo de Recuperação de Municípios Fluminenses que oferecia créditos a juros de 2%, tiveram as condições ideias para se instalarem na localidade.


A chegada das fábricas impulsionou mais um momento de transformação no Distrito de Barra Alegre que com o aumento populacional - em decorrência da imigração de diversos trabalhadores de outras cidades e estados que estavam em busca de melhores oportunidades de trabalho - ampliou o número de loteamentos, de lojas para prestação de serviços, de postos de gasolinas, entre outros.

Essas transformações continuam em curso na região, em consideração a importância da manutenção dos modos de vida que estão presentes nestas localidades, que passa tanto pela preservação do patrimônio material presente nas inúmeras fazendas do Distrito, como também pela manutenção e fomento das manifestações culturais, como as folias de reis, os grupos de mineiro pau, ou pelos processos de produção que respeitam o tempo da natureza como a produção de composta de doces, de remédios caseiros, das broas no forno a lenha ou das farinhas de moinhos d’águas.

Pedra Aguda é um importante símbolo geológico do município de Bom Jardim, na Região Serrana. De acordo com pesquisas geológicas, a Pedra Aguda, no distrito de Barra Alegre, em Bom Jardim, dividiu-se, ficando uma parte aqui e a outra provavelmente em Angola, no continente africano. De acordo com pesquisas, as rochas granito da localidade têm suas origens relacionadas ao continente Gondwana, pois, na região, podem ser percebidas as relações de idade entre as rochas típicas da Pedra Aguda, que são magmáticas. Essas rochas remontam há cerca de 630 milhões de anos e tiveram, como ápice, a formação da rocha Granito de Barra Alegre, há cerca de 580 milhões de anos. | Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Pedra Aguda é um importante patrimônio natural de Barra Alegre. Ela remonta o período dos deslocamentos das placas tectônicas. Há registros que toda essa região tem uma importância geomorfológica e os moradores têm conhecimento desse fato. Há placas dos departamentos de estudos do estado espalhadas na entrada para a Pedra Aguda, em São Pedro e em Santo Antônio.



A comunidade no entorno da Pedra Aguda formou-se no ano de 1880, com a chegada da família Tardin, que foram os descendentes dos primeiros colonos suíços que colonizaram Nova Friburgo, em 1818.  Posteriormente, juntaram-se a eles as famílias Maciel e Schot, e desenvolveram, ali, a agricultura de subsistência como principal atividade local. 

A região da Pedra Aguda é marcada pela rica flora e fauna da Mata Atlântica, aliada a reservas particulares de patrimônio natural e à vida simples da população rural, conhecida principalmente pelo cultivo de inhame. Além de atrair praticantes de montanhismo, escalada e caminhadas, a região também recebe turistas que buscam como destino um lugar de beleza e sossego entre as montanhas.

Nas redondezas encontra-se o Ecomuseu Rural, que é um equipamento educativo de cultura na comunidade; o Refúgio da Pedra Aguda, com piscinas e acomodações rústicas; a Fazenda Jorge Tardin, que dispõe de piscinas de água corrente, toboágua, parque de diversão, passeio a cavalo, restaurante e pousada. Há, ainda, o Rancho Debossan, com piscina e pousada.


Além de Barra Alegre, o 4º distrito de Trajano de Morais é um dos maiores produtores de inhame da região. Trazido da África para o Brasil pelos portugueses, o inhame foi um dos principais produtos agrícolas cultivados na região. O inhame produzido em Ponte de Zinco e região é considerado especial pelo sabor mais acentuado e pela cremosidade.

A comunidade de Serra das Almas está situada no 4º distrito de Trajano de Moraes, proporciona uma ótima qualidade para a realização de esportes radicais. O local de salto de parapentes chama a atenção de quem visita Serra das Almas, quando está planando (voando) dá para ver ao horizonte parte do mar de Macaé e Rio das Ostras. O aceso à Serra das Almas é feito a partir da RJ 146, estrada que liga Bom Jardim a Trajano de Moraes, que, logo depois de Barra Alegre, há um trevo que direciona à simpática localidade de Serra das Almas, que tem uma bela e inclinada estrada que dá acesso a todo o 4º distrito de Trajano de Moraes. Vendo que seu município tem atraído grande número de esportistas, a Prefeitura Municipal de Trajano de Moraes determinou que as secretarias de obras, turismo e agricultura, dessem total apoio aos visitantes.
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SEBASTIÃO DE LACERDA | Vassouras

Sebastião de Lacerda é um distrito de Vassouras, tendo como singularidade ser confrontante com a localidade de Comércio, que pertence ao município de Rio das Flores.

Composição da MRS atravessando o distrito de Sebastião de Lacerda - Foto: Reprodução da internet

A divisão entre estes diminutos centros urbanos é feita pelo leito do Rio Paraíba do Sul, principal referência da paisagem local, pontuada por morros meia laranja cobertos por uma rala vegetação, típica de área de pastagem.

A vila de Sebastião de Lacerda surgiu nos primeiros anos do século XIX com o nome de Commércio, referência a Estrada do Commercio, aberta em 1819 para escoar a produção que descia pelas tropas de mulas do Vale do Paraíba fluminense até a Vila de Iguaçu, na Baixada Fluminense, seguindo adiante para a Corte no Rio de Janeiro.

A localidade de Sebastião de Lacerda, do outro lado do rio. - Foto: Reprodução da internet

Quem patrocinou a construção desta importante via foi a Real Junta de Commércio, Agricultura, Fábrica e Navegação do Estado do Brasil e Domínios Ultramarinos, de onde originou seu nome primitivo. Sua formação urbana deve-se aos serviços de balsas que faziam a travessia do Rio Paraíba do Sul e a edificação do posto de fiscalização das mercadorias que seguiam pela estrada.

Em 1858, a francesa Marie Françoise Barbe de Stocklin e seu marido, o professor Charles Adrien Olivier Grivet, fundaram o afamado Colégio de Meninas, que ficava próximo ao local onde se construiu a estação ferroviária. Madame Grivet, como ficou conhecida, ensinava as filhas dos grandes fazendeiros de Vassouras, Valença e redondezas os ensinos básico e secundário, dando-lhes também uma formação aristocrática, que compreendia aulas de boas maneiras, de bordado, de piano e até de francês.

Dentre as alunas que passaram pelas salas do colégio estava Eufrásia Teixeira Leite, descendente dos nobres de Vassouras, e que se tornou uma das figuras mais destacadas do ciclo cafeeiro da região.

Devido a forte concentração da riqueza advinda dos morros repletos do valioso grão, o Médio Paraíba fluminense foi agraciado com a Estrada de Ferro D. Pedro II. A sustentação econômica desta companhia férrea estava alicerçada na produção dessas fazendas, ocasionado embates históricos pela escolha do trajeto, como o “Movimento de Vassouras”, que representava o desejo dos barões em implantar os trilhos no centro de sua cidade principal.

Localidade de Comércio, situada do outro lado do rio. - Foto: Reprodução da internet

Mesmo não tendo logrado sucesso nesta empreitada, o trem seguiu pelo território do município vassourense, acompanhando as margens do Rio Paraíba do Sul. Este ramal tinha a finalidade de atingir a província de Minas Gerais, tendo início na atual cidade de Barra do Piraí. No percurso, foi instalada uma série de estações, dentre elas a de Commercio, inaugurada no dia 27 de novembro de 1866.



Em 1877 chegou à localidade o açoreano João Augusto Pereira de Lacerda, adquirindo parte das terras da fazenda São Manoel, ele então a fracionou em três chácaras e por volta de 1878 construiu próximo ao núcleo urbano um prédio estilo chalé. João Pereira casou-se com uma descendente do primeiro sesmeiro de Vassouras, foi pai de Sebastião Eurico Gonçalves de Lacerda (que se tornou influente político, advogado e ministro).

Hotel Commercio - Foto: Reprodução da internet

A família vivia humildemente, na propriedade complementando o orçamento doméstico com a venda de mangas, colhidas na chácara, para os passageiros dos trens que paravam na estação de Commércio.

A então vila, que nascera acostumada ao movimento das tropas de cavalos e carruagens, passou por uma grande transformação, tornando-se um dos raros locais beneficiados com a presença de uma estação da principal estrada de ferro do país. Isto fez com que atraísse para seu território, na década de 1880, os trilhos da recém-criada Estrada de Ferro Commercio e Rio das Flores, que atendia a então freguesia de Santa Tereza, atual município de Rio das Flores.

Com a instalação dessa linha, a localidade virou ponto de entroncamento ferroviário. Além da estação, a companhia rio-florense possuía um prédio para fazer a cobrança da travessia da ponte, conhecido como “chalé da barreira”.

Panorâmica da ponte do Commercio - Foto: Reprodução da internet

O café garantiu prosperidade à localidade até fins do século XIX, quando ocorreu a decadência econômica da região, provocada pela derrocada desta lavoura. Por volta da década de 1910 a Estrada de Ferro Central do Brasil promoveu uma reestruturação da malha ferroviária brasileira, a vila teve seu parque ferroviário totalmente remodelado e ao mesmo tempo em que teve duplicada a linha central, foi suprimido o tronco da ligação férrea com Santa Tereza (atual município de Rio das Flores).

Vagão estacionado nas oficinas ferroviárias de Taboas. Ao fundo, a fachada da estação de madeira, com o nome grafado no frontão. - Foto: Reprodução da internet

No ano de 1931 a localidade mudou de nome, passando a se chamar Sebastião de Lacerda, homenagem ao político (avô de Carlos Lacerda, que foi governador do estado da Guanabara) e à sua família, que até hoje mantém vínculos com o lugar. Tempos depois o país optou pelo transporte rodoviário em detrimento as ferrovias, o que representou um duro golpe para a localidade.


O último trem de passageiros trafegou por Sebastião de Lacerda no ano de 1976, acabando de vez com o costumeiro movimento de pessoas nas graníticas plataformas de suas estações. Em meados da década de 1990 o governo privatizou a malha ferroviária brasileira, a região sudeste ficou para um consórcio denominado MRS. Em setembro de 1996 as composições de carga começaram a trafegar, situação que se mantém até os dias de hoje.

Atualmente, Sebastião de Lacerda tem em seus remanescentes arquitetônicos um dos principais testemunhos daquele período. Os antigos armazéns transformados em residências abrigam agora um pequeno numero de moradores.

O acesso ao território do município é feito pela BR-393 (conhecida também como Rodovia Lúcio Meira ou Rodovia do Aço). Após uma viagem de dezessete quilômetros, partindo da cidade de Vassouras no sentido ao município de Paraíba do Sul, entra-se num entroncamento à esquerda por uma via de terra que leva à localidade de Aliança e às fazendas Mulungu Vermelho e Santa Rita do Pau Ferro (recentemente convertida num complexo hoteleiro).

Cerca de três quilômetros e meio depois surge a bifurcação indicando, à direita, Aliança e, à esquerda, Sebastião de Lacerda. A partir deste trecho é necessário, ainda, vencer cerca de seis quilômetros por um leito de estrada em péssimas condições.

Ponte do Paraíso, próximo a Barão de Juparanã, com suas vigas metálicas arqueadas em 1865 - Foto: Reprodução da internet

A via mais utilizada para se chegar a Sebastião de Lacerda é a RJ-115, que passa na localidade vizinha de Comércio, de onde segue em duas direções: uma vai margeando o Rio Paraíba do Sul por cerca de dezessete quilômetros, conjugando trechos trafegáveis com outros em condições precárias, até o distrito valenciano de Barão de Juparanã, situado próximo à cidade de Vassouras, e a outra, apresentando um trecho em melhores condições, estende-se por dezessete quilômetros, até a localidade de Taboas, distrito de Rio das Flores situado às margens da rodovia RJ-145.

Seu núcleo urbano se desenvolve numa faixa de terra longitudinal, entre as encostas dos morros e a margem do Rio Paraíba do Sul. As primeiras construções ficam próximas à cabeceira da ponte.

Devido a falta de conservação, em meados do século XX era visível o estado de arruinamento da ponte. Em fevereiro de 1950 abriu-se uma fenda no piso de concreto. Tempos depois os arranques que a prendiam na cabeceira, cuja base estava situada na parte do município de Rio das Flores, cederam, ficando uma das extremidades dentro da água, e a outra, presa ao pilar sobre as águas do rio. Além do risco de acidentes, a queda do lance trouxe prejuízos tanto para as pessoas quanto para as fazendas situadas nas terras da margem esquerda, que ficaram impossibilitadas de embarcarem seus produtos para a estação ferroviária de Sebastião de Lacerda. Para garantir a comunicação entre as duas partes, foi providenciada pelos moradores uma passagem provisória, de aspecto muito frágil. - Foto: Reproduçaõ da internet

Foi-se o tempo em que a comunidade e o trem possuíam uma saudável convivência. Se, no passado, escutar ao longe seu apito se transformava numa alegre corrida até as estações, hoje este hábito assumiu conotação oposta. Potentes locomotivas puxando enormes composições de carga quebram o clima bucólico do local. A maioria segue vazia no sentido de Minas Gerais.

Além da desproporcionalidade do tamanho dessas máquinas em relação à formosa vila, a velocidade e o barulho assustam, provavelmente em razão de ignorarem as normas necessárias para minimizar tais impactos quando trafegam em perímetros urbanos. Ao se colocar a mão no piso das plataformas, é possível sentir que parte da energia emanada pelos trilhos é transmitida em forma de trepidações aos prédios das estações e ao seu entorno.

Apesar da ferrovia não passar pela cidade sede de Vassouras, o município conta com um expressivo número de estações da linha central. Uma delas está localizada em Sebastião de Lacerda, que se tornou uma das mais prósperas vilas ferroviárias do Vale do Paraíba fluminense. Sua conformação urbana se estrutura em torno da linha férrea, assistida por três ruas em piso de terra e por prédios de pavimentação térrea, feitos de tijolo maciço e telhas francesas.

Este conjunto conjuga exemplares conservados e outros num estado geral em processo de arruinamento, degradados ou vitimados por intervenções inadequadas, a falta de tratamento urbanístico acaba por prejudicar sua histórica e harmoniosa ambiência urbana. O acervo arquitetônico mais expressivo é composto por um conjunto de linhas ecléticas, situado cronologicamente entre fins do século XIX e as primeiras décadas do século XX, destacando-se os prédios das estações ferroviárias, que formam o coração da vila

Antigo conjunto de lojas, transformados em residências. - Foto: Reprodução da internet

Até chegar a atual conformação, com apenas uma linha férrea, a vila de Sebastião de Lacerda passou por diversas mudanças que moldaram seu quadro urbano e arquitetônico. Logo no alvorecer das ferrovias no Brasil a localidade ganhou uma estação da Estrada de Ferro D. Pedro II. A década de 1880 marcou a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Commercio e Rio das Flores até o seu perímetro urbano, acolhendo assim, uma estação da linha férrea regional do município vizinho.

A nova estação ficou implantada em paralelo com a linha principal, recebendo à frente, um prolongamento auxiliar da bitola larga e, aos fundos, na confrontação com as margens do Rio Paraíba do Sul a de bitola estreita da linha a qual pertencia.

No início do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil promoveu profundas modificações na estrutura ferroviária brasileira. O ano de 1910 marcou o começo da encampação de diversas linhas férreas regionais, sendo também duplicada a linha principal entre os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Naquela década, foram retirados os trilhos da Estrada de Ferro Rio das Flores na localidade.

Estação de Sebastião de Lacerda - Foto: Reprodução da internet

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CASCATA | Paracambi

O bairro da Cascata, privilegiado por sua localidade geográfica, abrigou duas importantes fábricas da cidade, a Fábrica de Tecido Maria Cândida e a Crown Industria e Comercio LTDA.


Fundada em 1924 por um grupo de investidores, a Fábrica Maria Cândida chegou a ser a segunda maior indústria do município. Além disso, em 1937 o empreendimento montou um bairro operário aos redores da fábrica.


A pequena vila com 75 casas, escola, creche, praça, campo de futebol, posto médico e igreja, abrigava aproximadamente 300 moradores que forneciam a fábrica cerca 162 operários além dos moradores de outros bairros.


Nesta mesma época, meados dos anos 80, a fábrica consumia aproximadamente 15 toneladas de algodão e produzia cerca de 175.000 metros de tecido.

No ano de 1979 chega a cidade a Crown Industria e Comércio LTDA e se instala no mesmo bairro. Com a produção de embalagens de whisky feita através de tecidos produzidos na Maria Cândida, a indústria chegou a exportar seus produtos para o Canadá e produzir mais de 10.000.000 embalagens por ano e gerando emprego para cerca de 350 operários.

O projeto inicial da Cia. Brasil Industrial era bastante avançado para a época e incorporava. Este projeto, elaborado por um equipe sob a coordenação do engenheiro William S. Elison, previa o desvio e represamento de rios que banhavam a área e que teriam suas águas canalizadas até próximo à fábrica, daí descendo até o prédio onde, além dos detalhes específicos para a movimentação dos equipamentos de produção e de apoio, seriam utilizados também para alimentar um complexo sistema de extinção de incêndio que se extendia por toda a fábrica.

Com o fechamento das fábricas da Cascata em 2007, a economia do local foi fortemente abalada, muitos operários tiveram que se reinventar e buscar novas profissões. Hoje, as instalações permanecem fechadas e vazias, o bairro da Cascata nunca mais foi o mesmo após o encerramento das atividades.



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TRÊS IRMÃOS | Cambuci

A história da ocupação da região onde hoje é Três Irmãos começa com a fundação da Aldeia da Pedra.

Estação Três Irmãos em 2006

O Frei Tomás de Civita Castello, capuchinho italiano vindo de Lisboa, recebeu do bispo Dom José Joaquim de Mascarenhas a incumbência em tom de ordem de rumar para a missão de São Fidélis, fundada pelos frades Ângelo e Vitório.



O Frei Ângelo recebeu com simpatia o jovem de menos de vinte anos que havia ingressado na Ordem com pouco mais de dezesseis, conhecendo o português falado no Brasil, com noções da língua tupi-guarani e iniciado na arquitetura.

D. Marcos de Noronha, Vice-Rei do Brasil, encarregou Frei Tomás de Civita e Castello da paroquiação dos índios que somavam 50 até 100 famílias. À nova Aldeia com 30 famílias de Caiapós e 80 de Coroados, totalizando 226 indígenas, foi chamada Aldeia da Pedra, recusando-se os índios a chamá-la de Dom Marcos.



A Aldeia corria mansamente e sem grandes progressos, a não ser na agricultura rudimentar, por meados de 1810.

Casarão antigo - Foto: Antonio Nunes

Os índios viviam da extração de madeira e pequenos roçados, ao passo que ricos iam abocanhando as férteis terras da Aldeia da Pedra.

No ano de 1812, o Padre Antonio chegou a um vilarejo independente, formado por alguns índios e brancos. Ali, construiu a Capela de Santo Antonio, tornando a vila conhecida como Vila Nova, logo incorporada à Aldeia da Pedra. 



No dia 24 de novembro de 1812, o bispo José Caetano da Silva Coutinho passou pela Aldeia da Pedra, que na época chamava-se D. Marcos, elevando-a a categoria de Curato, sob as bênção de São José de Leonissa da Aldeia da Pedra, nomeando como o primeiro cura frei Tomás de Civita Castello.

Praça de Três Irmãos - Foto: Antonio Nunes


Ele foi incansável na tentativa de paroquiar os índios, catequizando-os. Conseguiu aldear os Coroados. Frei Tomás morreu em 16 de abril de 1828, sem conseguir totalmente o seu objetivo. Para sucedê-lo, veio o Frei Florido de Castello.



A Aldeia da Pedra, pouco a pouco, foi sendo tomada pelos colonizadores portugueses, pelos emigrantes turcos, italianos e mesmo por nacionais brancos filhos e netos de colonizadores portugueses, chegando muitos com cartas de arrematação de bens penhorados pela Fazenda Nacional.

Travessia Três Irmãos (Cambuci) ↔ Portela (Itaocara) sobre o Rio Paraíba do Sul - Foto: Iris Paula

Os índios Coroados foram instalados na Água Preta, em terreno demarcado. Ali construíram suas tabas. Eles que construíram a Igreja de São José, nela já não podiam entrar. Também já não podiam banhar-se ou pescar nas águas do Paraíba. Os Puris não se fixaram e não iam mesmo a Aldeia da Pedra. Com o tempo, veio a emancipação e a região foi se degradando. Vila Nova voltou a ser um pequeno vilarejo.



O Padre Antonio Martins Vieira saiu pelas margens do Rio Paraíba construindo capelas e catequizando no ano de 1812. Joaquim Noberto de Sousa e Silva, grande historiador, afirma: "... A sede do Curato de Santo Antonio de Pádua, local onde viveu o Padre Antonio, foi criado em 1812 e tinha posição geográfica onde hoje se situa o Distrito de Três Irmãos".

Capela de Santo Antônio, símbolo na fundação de Três Irmãos - Foto: Raphael Barros

O Padre Antonio faleceu em 1838 no 6º distrito, onde sempre viveu, tendo seu nome registrado e muito homenageado pela comunidade. Assim que estava fundada a Vila Nova, marcada pela construçao da Capela de Santo Antônio, o vilarejo pasosu a ser parte da Aldeia da Pedra.

Com a emancipação da aldeia e degradadação da região, Vila Nova voltou a ser um vilarejo sem importância económica e social. Vila Nova era distrito de Itaocara, município originado da Aldeia da Pedra. No entanto, a vila não recebia qualquer tipo de infra-estrutura, vivendo numa sociedade sem chefes, apenas o líder Padre Antônio.



A fundação de Três Irmãos data da época do desbravamento nos anos de 1890, sendo os principais fundadores os irmãos Aguiar, João, José e Francisco. Esses Três Irmãos chegaram na época dos índios, onde era tudo mato e eles tinham como iniciar um lugarejo. Então os três saíram de Campos, acompanhados de vários caboclos, dentre eles índios, para procurar determinada região onde teria condição de começar a abrir um arraial.

Ao norte Três Irmãos (Cambuci) | ao sul Portela (Itaocara) - Foto: Reprodução da internet

Então eles foram desbravando o interior da mata e se perderam. Os dias foram se passando e os mantimentos foram se escasseando. Até que um caboclo encontrou uma picada de facão num pedaço de mato. Então ele chamou os demais que havia encontrada algo que poderia dar salvação. Então eles foram seguindo os cortes no mato e chegaram numa pequeno vilarejo de cerca de 50 habitantes, liderados pelo Padre Antônio.



Inicialmente, a região era apenas um povoado com cerca de 50 pessoas. Com a chegada do Padre Antônio e a construção do Curato de Santo Antonio, o padre fundador deu à vila o nome de Vila de Santo Antônio, ao passo que o povo em geral a chamava de Vila Nova. Em 1813, os Irmãos Aguiar desenvolveram um grande poderio econômico, e a sociedade triirmanense aproveitou para ter um sistema sólido de administração. Com o sucesso dos irmãos, a vila ficou famosa como a Vila dos Três Irmãos.

A partir de um sistema econômico baseado na pecuária bovina e, principalmente, plantação de café, os Irmãos Aguiar fundaram a vila de Três Irmãos, que também passou a se distrito de Itaocara.

Comboio da Ferrovia Centro-Atlântica S.A. passando por Três Irmãos
Locomotiva GM G12, original da RMV nº2207, atual FCA nº4155
Foto: Raphael Barros

A Estação Ferroviária de Três Irmãos foi inaugurada em 1883, na então freguesia de São José de Leonissa. Na década de 20, o distrito era considerado rico e populoso. Havia grandes fazendas de café. Eram consideráveis também as plantações de cana de açúcar e cereais, bem como a criação de gado bovino. Exportava aves e ovos, além de carne e cana.



Nessa época havia três engenhos de beneficiamento de café e também três destilarias que fabricavam aguardente. Durante o período em que só havia o transporte ferroviário, através da Estrada de Ferro Leopoldina, Três Irmãos era passagem obrigatória pára diversos municípios da região, fazendo a ligação destes aos grandes centros urbanos, como Campos, Niterói e Rio de Janeiro.

Foi nesta época em que o local experimentou o desenvolvimento. Na época, havia hotéis, pousadas, pensões e outros estabelecimentos que marcavam o sucesso econômico da vila.



Linha cargiera da FCA - Ferrovia Centro-Atlântica no distrito de Três Irmãos - Foto: Reprodução 

Conforme o Decreto Estadual nº. 1063, de 28 de janeiro de 1944, passou a ser Distrito de Cambuci. A partir do decreto, Três Irmãos ficou como o 6º distrito de Cambuci, e passou a ser considerado, depois da sede Cambuci, o distrito mais importante e notável da região. 



Com o desenvolvimento do sistema rodoviário, os vagões de classe foram retirados, deixando a população empobrecida, impedindo que a população pudesse comercializar seus produtos. Com este esvaziamento ferroviário no distrito de Três Irmãos, os hotéis foram transformados em residências , e só restou no povo triirmanense a lembrança dos tempos dos cafezais e das destilarias.

Três Irmãos (Cambuci) ao norte, Portela (Itaocara) ao sul - Foto: Open Street Maps

O comércio restringe-se a pequenos bares e mercearias, que vendem produtos de primeira necessidade. A base econômica de Três Irmãos é a agropecuária, responsável por 90% dos recursos do distrito. A criação é principalmente de gado bovino, de corte e de leite, e cultivo de arroz, cana de açúcar, milho e feijão.

A cultura de economia de subsistência vem crescendo bastante, como pequenas criações de patos, codornas, galinhas, cultivos agrícolas e simples sistemas comerciais de rãs, peixes e outros animais.



Atualmente, a população vêm acompanhando um lento ritmo de desenvolvimento. Mas o distrito ainda luta pela construção de uma ponte que ligue Três Irmãos à Portela, o que, segundo a própria população, seria a solução para um desenvolvimento rápido.

Perímetro Urbano de Três Irmãos (Cambuci) e Portela (Itaocara) - Foto: IBGE

Mas soluções alternativas estão sempre criadas, como tornar Três Irmãos e Portela uma só cidade autónoma; desenvolver Três Irmãos para seus habitantes não precisem sair dali; e a formação de um sistema hidrográfico mais eficaz. A construção de represas também é um outro tema para discursos. Enquanto ambientalistas e a população pede o fim do plano, pessoas com interesses economicos concordam com a construção, que faz parte do PAC.



Nos anos 1880, era esperado que a ligação fosse completada entre ela e a estação de Portela, ponto final da linha do Cantagalo, com a construção de uma ponte sobre o Paraíba do Sul; por algum motivo, tal nunca se deu. Um serviço de canoas, funcionando até o fim dos anos 1940, conectava Portela a Três Irmãos 

Interventor Federal Aurelino Leal chega a Três Irmãos pela balsa vindo de Portela, ao fundo, do outro lado do rio, em 1923: Foto: Reprodução da internet

Em 1944, a região onde ficava Três Irmãos foi desmembrada de Itaocara e passada para o município de Cambuci. Isto pode ter sido uma das causas da desativação da balsa, aliado ao fato de que a ponte rodoviária foi concluída em 1936.



Ainda passam raros trens cargueiros por Três Irmãos, mas os trens de passageiros deixaram de passar por ali desde o início da década de 1980. A estação fica na margem do rio Paraíba do Sul, em frente à estação de Portela, do outro lado do rio e estação terminal da linha do Cantagalo.

A estação de Três Irmãos encontra-se conservada e serve de dormitório para as equipes da Ferrovia Centro-Atlântica. A linha que liga Recreio (MG) a Campos(RJ) está em péssimas condições de conservação, com dormentes podres e mesmo trilhos com fixação precária, oferecendo risco aos ferroviários e moradores. O trecho é utilizado para transporte de material da própria FCA.

Trem de passageiros Campos-Recreio parado em Cambuci, em 1982.
Eles ainda existiam, mas estavam muito próximos do fim - Foto Hugo Caramuru


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