Caminhos da Serra: Serras da Bocaina, Mangaratiba e Mazomba

Consiste num imponente alinhamento serrano que se notabiliza como uma muralha montanhosa, alçada por tectônica a mais de 1.000m de altitude. Esse escarpamento mergulha diretamente sobre as águas das baías da Ilha Grande e de Sepetiba por meio de costões rochosos, produzindo uma paisagem pontilhada de ilhas, cabos, sacos e enseadas que configuram o litoral sul fluminense.

Esse escarpamento prolonga-se ininterrupta- mente desde a serra de Parati – um grande esporão que parte da escarpa principal da Serra da Bocaina e demarca a divisa com o estado de São Paulo – até a escarpa da serra do Mazomba, alcançando a baixada de Sepetiba. Consiste num importante segmento da cadeia montanhosa da Serra do Mar, que prossegue, a oeste, no litoral norte do Estado de São Paulo.


A localidade do Taquari inclui, além da área de assentamento do Incra, uma área de preservação ambiental (já que parte dela localiza-se dentro do Parque Nacional da Bocaina), uma área de fazenda (de propriedade da White Martins) ocupada por posseiros e uma área em processo de urbanização.

Cada uma das áreas que compõem a localidade do Taquari recebe um nome específico, a saber: Sertão de Taquari, Areal, Vila da Penha Taquarizinho e Sertãozinho. O bairro Taquari conta, hoje, com um total de 270 famílias que podem ser consideradas habitantes regulares do mesmo. Resultou da intervenção do Incra que, para solucionar vários conflitos de terras nos anos 1970 e 1980, resolveu desapropriar parte das fazendas Taquari e Barra Grande, dando origem ao assentamento de Taquari em 1983.

A escarpa da Serra da Bocaina caracteriza-se como um relevo de transição entre os terrenos planos das exíguas baixadas fluviomarinhas que ocupam as reentrâncias do litoral, recortado do sul fluminense e a zona colinosa a montanhosa do planalto da Bocaina.


O desenho geográfico original de Tarituba é o de uma extensão de terra que desce da serra até se encontrar com uma calma baía, onde sua praia forma uma ferradura encerrada em ambos os lados por morros, dando uma sensação de proteção e acolhimento. Desta praia, vê-se outras ilhas espalhadas, sendo amais próxima, a Ilha do Pelado.

Aquele suave declive que no passado recebeu muitos pés de café, passou a ser ocupado com as casas das famílias quefundaram aquela comunidade. Daquela serra, escorre o Rio Perequê para se encontrar com as águas salgadas daquela baía. 

Tarituba é uma vila que se desenha descendo de um pequeno morro da Serra da Bocaina findando ao encontrar-se com o mar tranquilo da baía da Ilha Grande. Esse relevo em forma de ferradura, que hoje é dividido ao meio pela BR101 Rodovia Rio-Santos, abrigou outrora uma grande fazenda de café, como tantas outras naquela parte do litoral, apontando sua produção para o mar de onde seguia para ser escoado por Angra dos Reis e Paraty. Está localizada entre essas duas cidades que foram muito importantes no processo de escoamento da produção de diversas riquezas na direção de Portugal.

Como caiçaras, edificaram aquele espaço de acordo com suas necessidades. Ainda em 1989, o cais em que as embarcações atracavam era demadeira e ficou assim até ser substituído por outro de concreto em meado dos anos 1990. Em frente à praia, ainda há as pequenas edificações feitas para guardar os barcos, redes e outros objetos ligados ao trabalho no mar.


Rios de planalto descem vertiginosamente a escarpa em direção aos fundos de enseadas e em- baíamentos da baía da Ilha Grande, tais como os rios do Funil, Mambucaba, Bracuí-Paca Grande e Ariró. Rios menores drenam exclusivamente a escarpa da Serra da Bocaina, tais como os rios Parati-Mirim, Perequê-Açu, da Barra Grande e do Frade, dentre outros.

A Bacia do Rio Jurumirim abrange as comunidades de Serra d'Água, Águas Lindas e Zungu, com área total de 70km² e população de aproximadamente mil habitantes, a maioria residente na Vila da Serra d'Água, local onde se concentram o comércio e os serviços (escola, posto de saude, associação de moradores). As principais atividades econômicas são as agro-pastoris (banicultura, criação de gado e agricultura de subsistência), as extrativistas (estração de areia do Rio Jurumirim e exploração de brita), o pequeno comércio (bares, pensão, padaria, mercado, lojas) e as pequenas indústrias (fábrica de blocos de cimento e tijolos e fábrica de gelo).


Essa unidade é caracterizada por uma majestosa barreira orográfica, sendo que sua linha de cumeada sustenta altitudes entre 1.400 e 1.700m, a oeste do rio Mambucaba, e em torno de 1.000 a 1.200m, entre o rio Mambucaba e o colo da estrada Angra dos Reis-Lídice. Destaca-se, nesse trecho, o Pico do Frade (1.589m).


A Vila Residencial é a última praia do município de Paraty, na direção de Angra dos Reis. Logo após a praia, passa o Rio Mambucaba, que faz divisa entre os dois municípios. Do outro lado do rio fica a Vila Histórica de Mambucaba. Nesta praia foi criada uma vila residencial destinada aos trabalhadores da usina nuclear de Angra dos Reis. Apesar de ser um bairro residencial com muitas casas, a praia fica bem vazia fora de finais de semana e da alta temporada.

Mambucaba se encontra no 4° distrito do município de Angra dos Reis. Do final do século XVIII ao XIX, essa localidade foi importante porto exportador de café e importador de escravos para o Vale do Paraíba, situado na foz do Rio Mambucaba, já que aqueles que eram comprados no Município Neutro, atual cidade do Rio de Janeiro, vinham em embarcações até as ilhas situadas em frente à Vila e, lá, era feita sua triagem e encaminhamento para as fazendas serra acima.

As escarpas das serras de Mangaratiba (ou das Lajes) e do Mazomba consistem em um prolongamento a leste da escarpa da Serra da Bocaina. Formam um relevo de transição entre a depressão interplanáltica do médio vale do rio Paraíba do Sul, onde se assentam os núcleos urbanos de Lídice e Rio Claro e o reservatório de Ribeirão das Lajes, e as exíguas baixadas fluviomarinhas, situadas em reentrâncias das baías da Ilha Grande e de Sepetiba.


A Serra do Piloto pertence a APA de Magaratiba, com grande representatividade do ecossistema de Floresta ombrófila densa. O local obteve destaque em meados do século XIX, quando era ponto de passagem de escravos e café que iam rumo ao município por meio da Estrada São João Marcos, antiga Estrada Imperial, a primeira via de rodagem do Brasil, datada de 1856.

São João Marcos foi, durante mais de 50 anos, parte do município de Resende. Sua História se inicia em meados do século XVIII com a busca pelas minas gerais realizada pelos bandeirantes que passavam por essa região. Com o desenvolvimento da região, seus habitantes começaram uma luta pela separação de seus territórios do domínio do município de Resende. A maior e mais moderna usina hidrelétrica do país foi construída no município de Piraí. Sua construção se iniciou em 1905 e três anos depois ela foi posta em operação. Para alimentar essa usina foi utilizado o Rio Ribeirão das Lajes, que cortava São João Marcos, pelo qual seria possível a inundação da cidade, para que pudesse encher suas barragens. Aos poucos, embora num processo relativamente rápido, as águas da represa foram se aproximando de São João Marcos e a destruição começou a ser sentida pelos que viviam mais próximos às águas. Como muitos, ao saírem de São João Marcos, se espalharam pelos distritos de Rio Claro e pelos lugares próximos à antiga cidade, o Macundu, que recebeu boa parte dos marcossenses, é visto por alguns como a nova São João Marcos. No Local existe até a festa do padroeiro São João Marcos, que acontece no mês de agosto. Macundu foi uma fazenda que, por ficar próximo ao ex-município, acabou se tornando de fácil acesso para os que não podiam ir muito longe.

Ao longo de 40km de extensão, a estrada oferece uma bela vista para a Baía de Mangaratiba, o que atrai bastante turistas em busca de trilhas ou esportes de aventura por quedas d´água como as cachoeiras dos Escravos e ruínas de São João Marcos. Contudo, a Serra do Piloto também chama a atenção pelos prédios antigos de linhas arquitetônicas simples, típicas do período colonial, pontos e algumas ruínas.


As Serras do Matoso (Itaguaí) e Serra do Piloto (Mangaratiba) são locais de características rurais e serranas, situados nas regiões metropolitanas e Costa Verde, tem seus limites geográficos em região de serra com municípios de Seropédica, Piraí e Rio Claro

A Serra do Matoso, iniciando no entroncamento entre a estrada do Cacau, subindo a direita por toda a estrada do caçador, separando com a estrada do Nono, pelo distrito de Ibituporanga, perfazendo um total de 8.2 Km². Já a Serra do piloto, situado no Município de Mangaratiba, inicia nas Ruínas da praia do Saco, seguindo sentido RJ-149 Estrada de São João Marcos, região conhecida como “Do Saco”, onde se encontra o “centro da Serra do Piloto”, com uma distancia média de 12.3 Km.

O nome da Serra do Mattoso têm origem na família do mesmo nome, cujo patriarca é Francisco da Silveira Mattoso, natural da freguesia de Santa Bárbara - Ilha do Falal. No alto desta serra, encontram-se as comunidades do Santarém, Fazendinha, Nonô, Nova Aliança, Serra do Matoso, Benfica, Fazenda Coroação e Fazenda Andrade - Foto: Reprodução da internet

Ao todo o curso entre ambas as localidades somados perfazem um total de 20.5Km² se for incluído o percurso que interliga ambas as serras o percurso total aumenta para 50. Km², sendo boa parte de “chão de terra batido” e sem atrativos de paradas. Ambas localidades, Serra do Matoso e Serra do Piloto), interligam-se por uma saída vicinal de estrada após o centro da Serra do Piloto, localizado entre o Parque Estadual do Cunhambebe e a Represa de Ribeirão das Lajes, encontrando-se com a estrada do Nono nas proximidades do Rancho Claudio Cordeiro.


Tanto Serra do Matoso como Serra do Piloto, apresentam características espaciais similares, com uma predominância de floresta ombrófila densa, vegetações predominantes do bioma da Mata Atlântica, com características de elementos territoriais rurais, como coesão social e cultural de seus atores, espaços com pequenas e medias vilas e povoados. 

Nestas localidades foram identificados grandes espaçamentos de terra sem a presença permanente do homem, com domicílios recenseados em toda a extensão de sua área, situado nos limites dos espaços urbanos. Ambiente natural pouco modificado e/ou parcialmente convertido as atividades agro-silvopastoris; baixa densidade demográfica população pequena; base na economia primária e seus encadeamentos secundários e terciários; hábitos culturais e tradições típicas no universo rural.

O homem mais rico do Brasil no século XIX foi o comendador Joaquim José de Souza Breves, ‘O Rei do Café’ e o maior escravocrata nacional. Ele construiu o Porto do Saco e, pela estrada, escoava toda a sua produção de café e traficava seus escravos. Existem ruínas na Praia do Saco, em Mangaratiba, referentes a armazéns. No local também eram realizados leilões de escravos. O porto da Praia do Saco era considerado um dos mais movimentados do país nesse período.

Uma economia baseada em uma na atividade rural, dependentes diretas da natureza, com baixa densidades populacional, complexidade social e mobilidade social, tendo diferenças na homogenia e heterogenia da população. Ambas as localidades (Serra Matoso / Serra do Piloto), apresentam ao longo de suas extensões potencialidades turísticas, que remetem a caminhos indígenas dos séculos XVII e XVIII, e atividades de seres humanos escravizados, principalmente no trabalho de construção de engenharia e em atividades relacionadas ao caminho de escoamento do ouro que vinha de Minas Gerais e posteriormente nas rotas do ciclo cafeeiro do Médio Paraíba durante o século XIX.


As principais drenagens que drenam essas escarpas são as dos rios Japuíba, Ingaíba e do Saco. O rio Mazomba, por sua vez, não desemboca diretamente no litoral, atravessando um grande trecho da baixada fluviomarinha de Sepetiba. O nome Ingaíba aparece nos primeiros mapas da região no século XVI, já com certo destaque pela belíssima composição de sua área de grande planície, cercada de montanhas e cortadas por grandes rios. Já no século XVIII, grandes fazendeiros começam a se estabelecer na região de Mangaratiba à procura de terras férteis. Neste período esta localidade se destacava pela grande produção de arroz, anil e de mandioca (na região do Batatal).

Durante todo o século XIX Ingaíba se destacou como uma das áreas mais produtoras de Mangaratiba. Com seus engenhos, fazendas e casas de negócio exportavam centenas de arroubas de café, milho, arroz, feijão e farinha etc. Após a decadência do Povoado do Saco (1864), toda a atenção das autoridades do município ficou virada para Ingaíba, por esta ser a principal área produtora de Mangaratiba. Em 1881, a Ingaíba é citada nas Atas da Câmara como centro de maior produção desse município.

A linha de cumeada do topo do escarpamento sustenta altitudes entre 1.200 e 1.400m, na serra de Mangaratiba, atingindo cotas superiores a 1.500m (Morro das Lajes – 1.692m), e em torno de 900 a 1.200m, entre o colo do rio do Saco e a porção terminal da serra do Mazomba.

Garatucaia faz divisa com o município de Mangaratiba, está a 28 Km do Centro de Angra. É uma praia muito procurada  por surfistas, ávidos pelas suas águas agitadas, a Praia de Garatucaia é rodeada por condomínios particulares e casas de veraneio. No dia 13 de Novembro de 1996 foi instituída a área de Proteção Ambiental – APA de Garatucaia, constituída pelas localidades denominadas de Cantagalo, Sororoca, Canto dos Pescadores e Caetés, pelos loteamentos Garatucaia e Cidades da Bíblia e pelas vertentes à montante da BR 101, no trecho descrito.

Importantes espigões destacam-se do escarparmento principal e prolongam-se em direção à linha de costa ao longo de todo esse alinhamento monta- nhoso, tais como as serras de Parati, da Pedra Branca, do Frade, de Capivari e de Muriqui. Tais feições conferem um padrão de escarpas festonadas e digitadas ao conjunto montanhoso.

Vales estruturais de direção W-E (rios Pequeno, da Barra Grande e Mazomba) e SW-NE (Rio do Saco) demonstram um relativo controle estrutural no processo de dissecação diferencial da escarpa, que ainda apresenta um aspecto monolítico, apesar da ocorrência de colos bastante rebaixados em trechos específicos.


O Vale do Mazomba fica no Parque Estadual Cunhambebe (que abrange as cidades de Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis e Rio Claro). Rota dos trilheiros rumo à Serra do Mar, é também o acesso às cachoeiras de Itimirim e Itinguçú, com grandes quedas d’água. Outras cachoeiras estão ao longo do caminho. A Cachoeira do Bicão tem acesso pela rodovia Rio-Santos.

Em fins do século XVIII, com a expansão cafeeira, o pólo dinâmico da atividade econômica deslocou-se de Parati para Angra. Isso se deu em virtude não só das vantagens do porto localizado na vila de Angra, mais profundo e livre de assoreamento; mas também, pela existência de pequenos embarcadouros naturais, caso de Jurumirim, Bracuí, Ariró, Frade e Mambucaba, fixados na Baía da Ilha Grande, próximos às produtoras de café “serra acima. O litoral sul-fluminense especializou-se no escoamento da produção proveniente do vale do Paraíba. Isso ocorreu em função da abertura ou melhoria das estradas. Em Angra chegavam tropas de São João Marcos, de Resende, de Piraí, de São Paulo e de Minas Gerais. Entretanto, em torno de 1860, houve a diminuição das saídas de embarcações com café dos portos angrenses, associada à construção da Estrada de Ferro D. Pedro II que, em 1864, chegou a Barra do Piraí, em 1871, a Barra Mansa e, em 1877, a Queluz. Consequentemente, a partir de 1870, “em Angra dos Reis, os casarões assobradados que tinham depósitos de café na parte térrea, foram sendo abandonados e começaram a ruir. Destino semelhante tiveram as estradas que conduziam as produções até o litoral, como as de Ariró, de Mambucaba e de Parati.

Acima da cota de 100m, todo o escarpamento a oeste do rio Mambucaba pertence ao Parque Nacional da Serra da Bocaina. Todavia, as baixas vertentes desse escarpamento estão fortemente impactadas devido à abertura da rodovia Rio-San- tos (BR-101) na década de 70.

A implantação da rodovia acelerou o crescimento urbano das antigas vilas de pescadores e a proliferação de condomínios de alta renda, através do desenvolvimento de atividades turísticas e do setor industrial calcado na indústria naval e nas usinas nucleares, em detrimento das atividades portuária e pesqueira.

Em decorrência, os processos de movimentos de massa, bastante comuns na região, foram potencializados pela abertura da rodovia e pela expansão da malha urbana de Angra dos Reis.


Durante a primeira metade do século XX, o crescimento urbano de Rio Claro esteve relacionado com o tráfego ferroviário. O ramal Barra Mansa-Angra dos Reis era a via por onde as indústrias de Barra Mansa recebiam suas matérias-primas e faziam escoar seus produtos. Rio Claro, Lídice e Getulândia correspondiam a estações de passagem. Apesar da importância do eixo ferroviário, a economia municipal permaneceu concentrada no setor primário, sem grande desenvolvimento urbano.



O tráfego de passageiros até Angra dos Reis, descendo e subindo a serra, foi extinto entre 1979 e 1980, mas alguns trens turísticos foram implantados depois disso. Enquanto a RFFSA era a dona da linha, até 1996, eles funcionaram. Com a entrada das concessionárias, eles foram suprimidos.

O distrito de Lídice, é marcado historicamente pela degradação da vegetação nativa, primeiro para produção de café, pecuária e horticultura nos séculos XVIII e XIX, impulsionados pela construção de ferrovias, e depois pela industrialização e produção de carvão vegetal. No distrito está localizada a Comunidade Quilombola do Alto da Serra do Mar, criada por descendentes de trabalhadores escravizados em fazendas de café na região do Médio Paraíba. Essa população presenciou a expansão da produção agrícola avançar sobre a floresta nativa da Mata Atlântica por séculos, ameaçando a biodiversidade.

A partir de 1950, a pavimentação da rodovia de acesso a Angra dos Reis induziria pequeno crescimento, particularmente em Passa Três. A sede municipal se localiza nas margens do Rio Piraí, sendo cortada por um de seus afluentes, o Rio Claro.

A proibição do tráfico escravo e, posteriormente, a abolição da escravatura desorganizaram a economia da região baseada na exploração do latifúndio e fortemente dependente da mão de obra escrava. A decadência foi tão grande que o Município de Mangaratiba foi extinto em 08 de maio de 1892, apesar de ter sido restabelecido alguns meses mais tarde, em 17 de dezembro do mesmo ano.

Os portos de Mangaratiba e do Sahy ficaram desertos e inúmeras edificações foram abandonadas, tais como os grandes solares, armazéns, o teatro, conforme atestam as ruínas hoje existentes no Saco de Cima e na Praia do Sahy. A estagnação econômica foi total, sendo Mangaratiba um exemplo de cidade nascida de uma rota comercial que não tinha bases produtivas próprias que permitissem uma autonomia.

A atividade era apenas reflexo da produção agrícola existente na região serrana e pereceu diante do surgimento de novas alternativas produtivas e comerciais. A estagnação da economia e da vida em Mangaratiba persistiu até 1914 quando foi concluído o ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil, que integrou o Município no sistema ferroviário do Rio de Janeiro. Posteriormente ocorreu um ligeiro progresso econômico propiciado pela exportação de bananas e pela construção de residências de veraneio ao longo da linha férrea ou concentradas em alguns núcleos urbanos.

Na década de quarenta deste século ocorreram os grandes loteamentos na orla marítima como Muriqui, Praia do Saco, Itacuruçá e outros e em 1942 foi aprovado o primeiro código de obras para o Município.

Graças à sua situação privilegiada na Baía de Sepetiba, Itacuruçá foi escolhida pelas empresas de turismo marítimo para base de operações de passeios mundialmente famosos, conhecidos como “Ilhas Tropicais”. Ali também se encontra a Delegacia da Capitania dos Portos. O distrito resiste o quanto pode à invasão do progresso desordenado. Suas ruas estreitas e calçadas de paralelepípedo sempre limpas, ainda exibem o casario do início do século.

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Caminhos da Serra: Maciço de Itatiaia e Serra da Pedra Selada

Essa escarpa ocupa, no território fluminense, apenas um pequeno braço do escarpamento principal, que se estende do Maciço de Itatiaia até a garganta de Passa-Vinte, sendo denominada serra da Pedra Selada.


No alto da Serra da Mantiqueira está o Pico da Pedra Selada. A pedra dá nome ao Parque Estadual da Pedra Selada, um corredor verde que começa no Parque Nacional do Itatiaia e protege várias nascentes que abastecem o Rio Paraíba do Sul. A Serra Pelada está localizada em Área de Proteção Ambiental na zona rural com a beleza dos campos de pastagens e de áreas remanescentes da mata atlântica. No distrito resendense da Pedra Selada estão as localidades rurais da Bagagem, Capelinha, Fumaça, Lote 10, Pedra Selada, Rio Preto, Serrinha e Vargem Grande.

Nessa garganta, o rio Preto, que 
forma a divisa com o Estado de Minas Gerais, é capturado por uma importante linha de fraqueza estrutural de direção N-S, formando um vale estrutural que atravessa o front da Escarpa da Serra da Mantiqueira, colocando-a, portanto, em território mineiro a partir desse trecho.


A pequena e charmosa vila de Penedo foi fundada em 1929 como a única colônia finlandesa no País. A influência dos imigrantes finlandeses foi muito forte e até hoje é possível desfrutar um pouquinho dessa rica cultura europeia.


Consiste num relevo de transição entre a depressão interplanáltica do médio vale do rio Paraíba do Sul e o planalto do alto rio Grande, em território mineiro.

Na escarpa da serra da Pedra Selada, situam-se os formadores dos rios Pirapetinga e da Pedra Preta, que drenam para o rio Paraíba do Sul, e o seu reverso montanhoso é drenado por pequenos tributários do rio Preto.

Essa unidade é caracterizada por um alinhamento montanhoso bastante elevado, alçado por tectônica, sendo que sua linha de cumeada sustenta altitudes entre 1.100 e 1.400m, atingindo mais de 1.700m (Pico da Pedra Selada – 1.755m).

Com natureza preservada, dentro de uma área de proteção ambiental e na divisa com o Parque Nacional de Itatiaia encontra-se as 3 vilas: Vila de Mauá, Vila de Maringá e Vila da Maromba. Com abundância de cachoeiras, rios e piscinas naturais de águas límpidas e cristalinas, neste cenário bucólico, Maromba é um encantador povoado, cuja pequenas casas lembram tradicionais povoações rurais mineiras, apesar de estar localizado no Estado do Rio. Possui artesanato típico, pousadas, bares e restaurantes. Diversas trilhas levam até cachoeiras e poços do Rio Preto. A praça central é ponto de encontro de turistas e moradores.

Atinge, em média, desnivelamentos superiores a 800m em relação à superfície colinosa do Vale do Paraíba e superiores a 400m em relação ao nível de base do rio Preto.

Em direção a leste, aproximando-se das localidades de Fumaça e Falcão, a serra da Pedra Selada torna-se menos elevada, perdendo seu aspecto monolítico devido à influência de lineamentos estruturais de direção N-S, que promovem um desgaste erosivo mais acentuado nesse trecho do escarpamento.

Os índios Puris foram os primeiros habitantes desta região. No ano de 1788, os nativos sobreviventes dos confrontos com os brancos foram confinados na Aldeia de São Luis Beltrão. Esta aldeia foi elevada a Curato e depois à freguesia de São Vicente Ferrer, sendo mudada também sua sede para onde permanece até hoje. Em 15 de dezembro de 1938, por meio de decreto, passou a se chamar Vila da Fumaça, 7º distrito de Resende, em homenagem à cachoeira existente no local, na qual podemos observar uma neblina de fumaça em sua maior queda. Nesta região surgiram as primeiras plantações de café no Vale do Paraíba, introduzidas pelo Padre Couto.

Registram-se vales estruturais de direção N-S tanto no setor leste da serra da Pedra Selada, quanto nas zonas colinosas, e degraus serranos adjacentes. A serra da Pedra Selada não consiste apenas em um contraforte serrano, mas integra o Sistema Mantiqueira.

Delimita-se com a depressão colinosa do médio vale do rio Paraíba do Sul, onde se assenta a localidade de Pedra Selada.

Desmembrado do distrito de Fumaça em 1853, a localidade recebeu, em 1943, o nome de Ibitigoaia, passando logo depois, em 1944, à sua denominação atual: Pedra Selada, apesar de a população ainda chamar a localidade de Vargem Grande.


Nesta região surgiram as primeiras plantações de café no Vale do Paraíba, introduzidas pelo Padre Couto. Da fazenda de Antônio Bernardes Bahia saíram as primeiras sementes para o cultivo do café na região meridional fluminense e também para os municípios paulistas de Bananal e Areias. Resende também difundiu a cultura para o Oeste Paulista, através da lendária Caravana Pereira Barreto, que levou para lá mudas do Café Bourbon, cultivado na Fazenda Monte Alegre, em Vargem Grande.

Após o declínio da cultura cafeeira, os fazendeiros locais começaram a vender suas terras por preços irrisórios - situação que só foi superada com a vinda dos mineiros que compraram as fazendas, implantando aqui a pecuária leiteira. Hoje, além de razoável produção leiteira, a localidade produz manteiga, queijo, alguns cereais e tubérculos.

As Três Bacias são também conhecidas como Banheira de Pedra. Cercada pela mata nativa, ela é formada por três pequenas quedas formando, em cada uma delas. As Três Bacias estão localizadas no bairro da Fazendinha, no Alto Penedo. Apesar de ser pequena, a região possui grandes atrações turísticas nos arredores, como o Parque de Itatiaia e as vilas de Visconde de Mauá. O Alto Penedo é composto pelas localidades do Jambeiro I e II, África II; Vale do Ermitão e Fazendinha, todas situadas às margens do Ribeirão das Pedras.


O nome Visconde de Mauá homenageia Irineu Evangelista de Sousa, barão e depois visconde, que recebeu as terras da região em 1870, como concessão do governo imperial para exploração de madeira, que seria transformada em carvão vegetal. Em 1889, ainda no Império, seu filho, Henrique Irineu de Souza, instalou nas terras um núcleo colonial, formado por famílias de imigrantes europeus.


A iniciativa fracassou e a maior parte dos colonos retornou aos países de origem. Em 1908 o governo federal compra as terras de Henrique e cria o Núcleo Colonial Visconde de Mauá, segunda tentativa de receber colonos europeus. Este núcleo acaba extinto em 1916. Algumas famílias alemãs permaneceram em Visconde de Mauá e, a partir da década de 1930, começaram a receber parentes e amigos vindos da Europa, iniciando a atividade turística na região.


As vertentes estão protegidas por densa cobertura florestal, principalmente nas áreas mais eleva- das com relevo mais imponente.


A região ficou famosa sob o nome de apenas uma das vilas – Visconde de Mauá – nome que na verdade abrange toda a região e abriga diversas vilas (incluindo Penedo) e vales nos pés da Serra da Mantiqueira. Duas das vilas mais próximas entre si, Maromba e Maringá disputam os visitantes que buscam lugarejos pequenos, cachoeiras e o friozinho da serra. Ao subir a serra a primeira vila é Visconde de Mauá. Depois de 5 Km está a vila Maringá. Até aqui a estrada é sinuosa, porém toda asfaltada. Mais 3 Km para a frente vem a vila Maromba, mas esse último trecho é de terra e cascalho. Em Maringá tem uma ponte que separa a vila, de um lado é Minas e do outro é Rio.

RJ-151 | RJ-163 Estrada Parque

Com 185 quilômetros de extensão, a RJ-151 é uma das principais vias do Sul Fluminense. Margeando a divisa dos estados do Rio e Minas Gerais, a rodovia começa em Comendador Levy Gasparian, no Centro-Sul, e termina em Maromba, no município de Itatiaia.


O governo investiu R$ 65,9 milhões na implantação da primeira estrada-parque do estado na região de Visconde de Mauá. Foram pavimentados os trechos das RJ-163 e RJ-151, entre Capelinha, em Resende, e Vila de Maringá, em Itatiaia, passando por Visconde de Mauá. Com essas obras, o percurso da Via Dutra aos distritos encurtou em mais de uma hora e meia. Além disso, a melhoria impulsiona a economia de Mauá.

RJ-151 entre as vilas de Mauá e Maromba - Foto: Blog Assomar

Os serviços incluíram drenagem, pavimentação, terraplanagem e alargamento de pista e foram executados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ). Ao todo, foram investidos R$ 7,2 milhões. A obra poderá impulsionar o crescimento turístico da região, além de servir de alternativa ao tráfego proveniente da Zona da Mata de Minas Gerais. No ano passado, o governo do estado entregou a pavimentação do trecho da estrada entre Visconde de Mauá e a Vila de Maringá, em Itatiaia.


Na obra, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) usou o asfalto-borracha, a mesma tecnologia usada na pavimentação da RJ-122 (Guapimirim-Cachoeiras de Macacu). O chamado asfalto ecológico já se tornou referência para o mundo. A pavimentação dos 35 quilômetros da RJ-122 rendeu o Prêmio Mundial de Melhor Obra, da Federação Internacional de Rodovias, na categoria manutenção e restauração. O material tem durabilidade 50% maior do que a do asfalto convencional, com um custo 30% menor. O asfalto comum dura, no máximo, 10 anos e o asfalto-borracha, 20. Ele diminui o ruído da roda na superfície e o espaço de frenagem também é menor. As melhorias na estrada são importantes porque permite ao turista circular com mais rapidez e segurança e desfrutar melhor dos atrativos das vilas de Mauá, Maringá e Maromba, que compõem a região turística de Visconde de Mauá. 

No distrito de Engenheiro Passos, na parte sudoeste da Região do PNI encontra-se instalada a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) da INB com uma área de 600 ha. A instalação abriga a área administrativa da empresa, o Centro Zoobotânico e laboratórios para o desenvolvimento de atividades industriais relacionadas ao ciclo do combustível nuclear.


Paulatinamente, o Município de Resende teve seu território reduzido. Finalmente, em 1988, o distrito de Itatiaia foi oficializado como Município e, em 1995, Porto Real também foi institucionalizado como Município deixando o grupo de distritos pertencentes a Resende. Atualmente o Município é constituído de cinco distritos: Resende, Agulhas Negras, Engenheiro Passos, Fumaça e Pedra Selada.

Engenheiro Passos, distante 31 km do centro, tem como marca registrada a presença dos hotéis-fazenda, instalados em sedes antigas de grandes propriedades rurais. Os casarões atestam a opulência e a prosperidade econômica da época do café no Vale do Paraíba e conciliam conforto com a tradicional comida caseira, rios, cachoeiras e a vida natural do campo, com passeios a cavalo e de charrete.


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Caminhos da Serra: Serras de Macaé, Macabu e Imbé

As escarpas caracterizam-se por um conjunto de alinhamentos serranos, que se sucedem a leste da Serra dos Órgãos, alçados por tectônica a mais de 1.000m de altitude, sendo que alguns picos atingem quase 2.000m.

A comunidade de Barra dos Passos está situada às margens da RJ-146, estrada que liga Visconde de Imbé a Bom Jardim. Barra dos Passosé o refúgio para desfrutar de momentos tranquilos em um lugar de tirar o fôlego com tanta beleza, com belas fazendas históricas, artesanatos e paisagens encantadoras. Em 2014 foi inaugurado na Fazenda Olaria, o projeto Turismo Rural. O evento faz parte da parceria dos proprietários, com a prefeitura trajanense e o Sebrae, este que capacitou e direcionou todas as ações dos participantes. O projetovisa preservar o rico patrimônio histórico e a natureza exuberante da região.

A partir de Nova Friburgo, a escarpa da Serra do Mar perde o seu aspecto de uma barreira montanhosa monolítica e passa a adquirir o padrão de um conjunto de cadeias serranas paralelas entre si e separadas pelos vales dos principais rios que cortam a região: São João, Macaé, Macabu e Imbé. Esses rios correm em direção oeste-leste. O relevo acidentado prolonga- se até o rio Paraíba do Sul, a jusante de São Fidélis, num trecho estrangulado dessa bacia, a partir de onde se inicia o seu baixo curso.


A escarpa da serra do Taquaruçu caracteriza-se como um relevo de transição entre terrenos planos e elevações isoladas da baixada do rio São João e a zona montanhosa do alto curso da bacia do rio Macaé. Tributários do rio São João drenam essa escarpa, tais como os rios Pirineus, da Bananeira e Aldeia Velha. A escarpa é caracterizada como a primeira barreira montanhosa desse sistema de escarpamentos paralelos que caracteriza essa unidade, sendo que sua linha de cumeada apresenta altitudes decrescentes em direção a leste, variando de 1.400 para 1.000m. As localidades de Correntezas e Aldeia Velha situam-se na sua base.

A localidade também conhecida como Quartéis, situa-se no pé da Serra do Mar na divisa política entre os municípios de Silva Jardim e Casimiro de Abreu, distante 8 quilômetros da BR-101 e da portaria da Reserva Biológica Poço das Antas por uma estrada ainda não pavimentada. Trata-se de um povoado cercado por áreas de Mata Atlântica preservada pelas propriedades rurais da região.  Por sua relevância no cenário ambiental recebeu o título de capital do ecoturismo no estado do Rio de Janeiro. É um pequeno povoado, com aproximadamente 900 habitantes. Está localizada dentro da APA São João/ Mico Leão Dourado, que inclui a Reserva Biológica Poço das Antas, e segue em direção a Serra do Mar, onde se encontram montanhas cobertas pela Floresta Atlântica, com suas inúmeras nascentes que formam os rios Aldeia Velha e Quarteis.

O paredão montanhoso é completamente desmantelado próximo a Casimiro de Abreu, pela ação erosiva do rio Macaé, que atinge a baixada litorânea nesse trecho. Um pequeno alinhamento serrano degradado persiste a leste de Casimiro de Abreu, com altitudes entre 300 e 500m (destaca-se um pico de mais de 900m de altitude), desaparecendo próximo à localidade de Rocha Leão. A escarpa da serra de Macaé caracteriza-se, a oeste, como um relevo de transição entre a zona montanhosa do alto curso da bacia do rio Macaé e o planalto reverso da Região Serrana.


O planalto da bacia do alto rio Macaé insere-se entre dois alinhamentos de escarpas, reunindo os principais formadores do rio Macaé, destacando-se os rios Macaé de Cima e Bonito. Aí, situam-se os núcleos urbanos de Lumiar e São Pedro da Serra.


Localizado a 9km de Lumiar e a 40km da sede do município de Nova Friburgo, está o bairro de Santa Luzia. O bairro fica na divisa com o município de Casimiro de Abreu às margens do Rio Macaé. Após Lumiar ter se tornado um lugar conhecido com o movimento hippie dos anos 70 e 80, a região experimentou uma relativa expansão imobiliária em que pessoas provenientes dos grandes centros urbanos passaram a fixar residência em sítios e loteamentos que foram surgindo ao longo da rodovia que fora projetada pelo ex-prefeito de Nova Friburgo, o engenheiro Heródoto Bento de Mello. Privilegiado pelas belezas naturais do rio Macaé, o lugar sempre foi alvo da cobiça de projetos econômicos que tinham como objetivo a implantação de centrais hidrelétricas na região, o que sempre encontrou a resistência dos moradores locais.

Em direção a leste, extensos tributários do rio Macaé drenam a escarpa, tais como os rios Sana, do Ouriço e São Pedro. A escarpa da serra de Macaé é caracterizada como a segunda barreira montanhosa do sistema de escarpamentos paralelos que caracteriza a unidade, sendo que sua linha de cumeada sustenta altitudes entre 1.200 e 1.600m, com picos de 1.900m.

O distrito de Barra Alegre no município de Bom Jardim, foi colonizado por migrantes internos oriundos das terras das Minas Gerais exploradas pela obsessão provocada pelo ouro, que trouxe grande riqueza para alguns e imensas desgraças para outros. O Distrito é considerado um dos distritos mais rurais do Município, possuindo um conjunto de vilarejos agrícolas, com uma grande extensão territorial. Destaca-se o período a partir de 2006 onde o Barra Alegre passou a ser o novo pólo industrial de Bom Jardim, recebendo diversas fábricas e indústrias do setor de plástico e de outros segmentos, que por conta dos incentivos fiscais, baseados na Lei Estadual nº 5.636/2010 (originalmente 4.533/2005, conhecida como Lei Rosinha).

Os colos entre as localidades de São Pedro da Serra e Barra Alegre e entre Glicério e Vila da Grama apresentam altitudes em torno de 900 e 1.000m. As localidades de Sana, Cachoeiros, Frade e Glicério situam-se na base desse escarpamento.


O paredão montanhoso é gradualmente desmantelado em direção à localidade de Córrego do Ouro pela ação erosiva do rio São Pedro e, em direção a Conceição de Macabu, pela ação erosiva do rio Macabu. Esses rios atingem a baixada litorânea nessas posições.

Situado na sub-bacia do rio Sana, que é parte da bacia do rio Macaé, região serrana do município próximo a Lumiar e Nova Friburgo, o local é abrigo de muitas cachoeiras e um dos destinos favoritos dos fluminenses praticantes do ecoturismo. O Arraial de Sana, 6º distrito de Macaé, faz parte de uma Unidade de Conservação da Natureza de uso sustentável, do tipo Área de Proteção Ambiental (APA), e é cercado de vários rios que fazem da região um dos destinos preferidos para quem quer sombra e água fresca. Antes de chegar no Arraial, a primeira parada é na Barra do Sana, onde o rio Sana encontra o rio Macaé. Depois de mais 6 quilômetros de estrada de terra em condições razoáveis, o Arraial em que vive a maior parte da população se revela como um lugar acolhedor. E ainda existe a região da Cabeceira do Sana, onde nasce o rio que deu nome ao distrito, recebendo em seu curso pequenos e médios afluentes como o córrego Peito de Pombo, o Rio Andorinhas, os córregos São Bento e Boa Sorte, entre outros.

A escarpa da serra de Macabu caracteriza-se, a oeste, como um relevo de transição entre a zona montanhosa do alto curso da bacia do rio Macabu e o planalto reverso da Região Serrana. Em direção a leste, esse escarpamento caracteriza-se com um relevo de transição entre os terrenos planos e colinas suaves da planície fluvial do rio Macabu e da superfície aplainada do litoral leste fluminense e o relevo escarpado do alto curso da bacia do rio do Imbé.


O distrito de Vila da Grama é um dos destinos turísticos na região que mais se destacam devido aos cuidados, principalmente no que diz respeito à gestão do meio ambiente. A visitação a locais preservados, como as florestas, áreas de conservação, e a represa que compõe a bacia do Rio Macabu, cresce dia a dia no local. A barragem de Tapera, mas conhecida também como barragem de Sodrelândia, muito usada para pratica esportiva como Jet-sky é um dos pontos turísticos mais visitados no local. A geografia privilegiada destaca Tapera entre os roteiros turísticos de famílias, amigos e amantes do esporte radical.

O planalto da bacia do alto rio Macabu insere-se entre dois alinhamentos de escarpas, por onde, de forma encaixada, corre o alto curso do rio Macabu. Aí, situam-se os núcleos urbanos de Vila da Grama e Sodrelândia e a represa de Macabu. Ao longo de toda a zona montanhosa, a bacia do rio Macabu apresenta-se estreita e alongada, não possuindo grandes tributários.

A RJ-162, estrada de acesso ao distrito de Sodrelândia e Tapera, ambos em área rural do município de Trajano de Moraes sempre sofre danos causados por fortes chuvas. Quedas de barreiras, interditam a via nos dois sentidos. A erosão causada pelo fluxo das enxurradas danificam as estradas de chão batido. 

A escarpa da serra de Macabu é caracterizada como a terceira barreira montanhosa do sistema de escarpamentos paralelos que caracteriza essa unidade, sendo que sua linha de cumeada sustenta altitudes entre 1.100 e 1.500m, com picos de 1.600m.

Sodrelândia é muito visitado por turistas aventureiros e também por famílias que buscam descanso e diversão. O nome do distrito é uma homenagem a Feliciano Sodré, ex-prefeito de Niterói. A entrada dos imigrantes de origem européia ocorreu quando os ‘escravos’ saíram e houve uma importação de colonos italianos. Olivette era uma família italiana de colonos. Carmo, Carino, Rocco Carino, Viso, o Riguetti, Sartori, Vasolli, Badalino. Dollor e Cano eram famílias espanholas. José de Moraes, a exemplo do seu pai Trajano, procurou trazer europeus para colonizar terras no município: Seu pai tentou fazer uma colonização na Sodrelândia de austríacos. Mas isso depois não prosperou, não conseguiram nada. Mas inclusive a Áustria mandou uma comenda para ele como agradecimento pelo esforço que ele fez pelo assentamento de austríacos. A tentativa frustrada de Juca de Moraes estabelecer uma colônia no distrito de Sodrelândia teria ocorrido na década de 1920, quando se elegeu deputado federal. O distrito de Boa Esperança de Macabu foi criado por Lei estadual n ° 1721 de 31 de outubro de 1921 com território desmembrado 2 ° e 4 ° distritos Visconde de Imbé e Ponte da Grama, respectivamente. O topónimo do distrito de Boa Esperança de Macabu por efeito da Lei estadual n ° 2 264 de 26 de janeiro de 1928, alterado para Sodrelândia pelo Decreto-lei estadual n ° 1063, de 28 de janeiro de 1944. 

O colo entre as localidades de Sodrelândia e Trajano de Moraes apresenta altitudes em torno de 700 e 800m. Próximo a essa zona rebaixada da cadeia serrana nasce o rio do Imbé. Assim, não existe uma escarpa serrana delineada separando as bacias dos rios Macabu e Imbé, mas apenas um conjunto de cristas alinhadas.


A leste de Trajano de Moraes, a escarpa da serra de Macabu torna-se um imponente degrau de borda de planalto com altitudes em torno de 700 a 800m (serra dos Seixas), estendendo- se até a localidade de Triunfo.

São Pedro do Triunfo teve sua origem na Estrada Geral de Cantagalo, também conhecida como Estrada Macaé-Cantagalo. Com 62,1 km², o segundo distrito de Santa Maria Madalena, foi chamado Itapuá, palavra indígena que significa “pedra pontuda”, alusão à formação montanhosa que domina a região. A estrada era utilizada por tropeiros que costumavam pernoitar e descansar seus animais. A partir daí, a região foi sendo lentamente povoada até sofrer uma explosão populacional nos anos 80, quando o êxodo rural levou várias famílias para o bairro. O distrito também já se chamou São Pedro do Macabu, referência ao Rio Macabu e ao padroeiro São Pedro. Mas logo retornou ao nome indígena: Itapuá.


Os contrafortes dos maciços de Conceição de Macabu parecem ser um prolongamento a leste dessa escarpa, porém já completamente desmantelada. A escarpa da serra do Imbé caracteriza-se, a oeste, como um relevo de transição entre a zona montanhosa do alto curso da bacia do rio Macabu e o planalto reverso da Região Serrana. Em direção a leste, esse escarpamento caracteriza-se com um relevo de transição entre os terrenos planos, colinas e morros da planície fluvial do rio do Imbé e da superfície aplainada do litoral leste fluminense e a escarpa reversa da serra do Desengano.


O alto curso do rio do Imbé percorre um vale estreito e alongado até descer vertiginosamente o escarpamento serrano, quando passa a percorrer paralelamente ao sopé da escarpa até desaguar na lagoa de Cima. Importantes tributários do rio do Imbé drenam a escarpa, tais como os rios do Norte e Mocotó. A escarpa da serra do Imbé é caracterizada como o prosseguimento da escarpa da serra de Macabu, sendo que sua linha de cumeada sustenta altitudes entre 900 e 1.300m, entre Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena, e entre 1.200 e 1.600m, com picos de 1.800m, na sua porção leste.

A região do Imbé faz parte da “zona de amortecimento” do Parque Estadual do Desengano, a mais antiga unidade de preservação ambiental do Rio de Janeiro. O parque abriga o maior índice de biodiversidade do estado, com plantas e animais nativos da Mata Atlântica, muitos deles raros e ameaçados. Possui ainda muitas montanhas de grande porte sendo a mais conhecida a do Pico do Desengano, situado em Santa Maria Madalena. No Imbé, também está localizado o ponto mais elevado de Campos, o Pico São Mateus; formação rochosa arredondada com 1.676m de altitude, construído por uma gigantesca massa granítica, de onde tem-se ampla visão do município.


A partir da bacia do rio Preto, a escarpa da serra do Imbé perde progressivamente o seu aspecto de muralha montanhosa, com altitudes decrescentes, que variam de 1.000 para 700m, no seu trecho final (serra de São José). Prolongamentos da Serra do Mar, sob forma de alinhamentos serranos escalonados, ocorrem também além do rio Paraíba do Sul, seguindo a mesma direção estrutural da serra do Imbé, atingindo cotas superiores a 800m. Enquanto os núcleos urbanos de Trajano de Moraes e Dr. Loretti se instalaram no alto curso da bacia do rio do Imbé, as localidades de Santo Antônio do Imbé, Sossego e Morangaba situam-se na base desse escarpamento.


Devido ao recuo erosivo acentuado desses escarpamentos, sobressaem-se importantes espigões que se destacam do escarpamento principal e prolongam-se em direção às baixadas litorâneas, principalmente na escarpa das serras de Macaé e do Imbé. Tais feições conferem um padrão de escarpas festonadas e digitadas ao conjunto montanhoso. No conjunto desses escarpamentos serranos são definidos nitidamente vales estruturais de direção N-S (rios do Ouriço, d’Anta e Macabuzinho).

A Serra Macaense engloba os distritos de Cachoeiros de Macaé, Sana, Frade, Glicério e Córrego do Ouro, todos com determinadas potencialidades econômicas do turismo em áreas rurais. O Distrito do Frade sofreu transformações em sua extensão territorial, perdendo terras para criação do distrito de Glicério. Uma linha férrea ligava o Frade à Sede Macaé, mas, com a criação de Glicério, a linha passou a ligar Glicério-Macaé; isolando de certa forma o Frade. Isso acarretou certa estagnação econômica durante muito tempo. Apesar da prática do turismo, a renda principal vem da pecuária, agricultura e atualmente da realização de festas populares, também tradicionais na região.


A escarpa da serra do Imbé apresenta um condicionamento estrutural muito mais intenso, sendo retalhada por estruturas ortogonais, controlando os principais canais num padrão de drenagem retangular.

A região tem um grande potencial turístico pouco explorado, exceto nos núcleos de Lumiar e São Pedro da Serra. O restante da área é caracterizado por atividades rurais de pouca expresssão ou por extensas áreas de remanescentes de Mata Atlântica. Destaca-se, nesse contexto, o Parque Nacional da Serra do Desengano, na escarpa da serra do Imbé.

Alguns imigrantes suíços, um tempo após a chegada a Nova Friburgo, abandonaram a terra oferecida a eles porque não era de boa qualidade. Migraram para outras áreas, e, assim foram responsáveis pela colonização das localidades vizinhas. As "vilas" de Mury, Lumiar, São Pedro da Serra e Macaé de Cima são pacatas e oferecem uma ótima oportunidade para contato com a natureza e dias tranquilos. Macaé de Cima está localizada numa encosta da Serra do Mar e é uma área de proteção ambiental do ecossistema Mata Atlântica. Em Macaé de Cima localiza-se a nascente do rio Macaé. O caminho para a localidade é cercado de pequenas montanhas, vales, sítios e o rio margeando a estrada. Macaé de Cima não tem um centro, é uma região de sítios, casas e pousadas. Apesar de haver vários caminhos para chegar a Macaé de Cima, alguns deles com trechos asfaltados e outros de terra [nem sempre  em boas condições].

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BARRA ALEGRE | Bom Jardim

No período antecedente a última metade do século XVIII apenas transitava por esta região alguns poucos grupos indígenas, em busca das margens do baixo rio Grande, ou do caminho menos longo, em direção ao vale do Paraíba. Dos quais, na vertente do Rio Grande, no atual município de Bom Jardim, chegou a ser consolidado um aldeamento de índios Guarulhos. Esta região, serviu de abrigo a grupos indígenas como os: Coroados, Puris, Coropós e Guarus. Para além dos grupos indígenas, Pesquiss apontam a possível existência de grupos quilombolas neste período.


A geografia acidentada, a distância dos centros e a precariedade do acesso levaram a um movimento migratório. Atualmente restam menos de 8 famílias morando e produzindo na região. Há também três reservas particulares do patrimônio natural, RPPN, ou seja, áreas de conservação da natureza em terras privadas. O proprietário é quem decide se quer fazer de sua propriedade, ou de parte dela, uma RPPN, sem que isso acarrete em perda do direito de propriedade. As RPPNs são unidades de conservação de proteção integral e perpétua, cujo maior objetivo é manter a diversidade biológica. Sendo permitidas na reserva atividades recreativas, turísticas, de educação e pesquisa, desde que sejam autorizadas pelo órgão ambiental responsável.


A partir de meados do século XVIII, alguns exploradores, principalmente de origem portuguesa, em companhia de trabalhadores escravizados e assalariados, também começaram a percorrer esta região na busca de metais preciosos. Assim, iniciando o processo de colonização deste espaço, com a fixação de ‘pousos de tropa’ em suas terras, destinados a servir de abrigo aos viajores e aventureiros. Posteriormente, estas expedições instigaram o surgimento de diversas lendas sobre os aventureiros que circularam pela região, a começar pelo famigerado “Mão de Luva.

A presumível existência de minas auríferas nesta região levou o Governo Metropolitano a nomear dois Guardas-Mores, com jurisdição que abrangia as ‘Novas Minas do Sertão de Cantagalo’, no último quartel do século XVIII. Assim, o Governo visava dificultar o acesso a região e o contrabando de ouro, observável em fins do século XVIII. Entretanto, as expedições em busca de metais preciosos logo demonstraram não serem compensatórias, em vista da ínfima quantidade encontrada nas regiões elevadas das vertentes do rio Grande, que exigiam um extenuante trabalho para serem encontradas, assim, nos anos subsequentes foram abandonadas.

As investidas governamentais contra os grupos de aventureiros que buscavam ouro, juntamente com a colonização oficial da região de Cantagalo, a partir de fins do século XVIII, ensejaram numerosos pretendentes a requererem do Governo a posse de Sesmarias na região, que atualmente compreende o município de Bom Jardim. Dentre os requerentes de Sesmaria na região, um dos pioneiros foi o Padre Vicente Ferreira Soares, que obteve a escritura da ‘Fazenda Bom Jardim’ em 1805. Além da ‘Fazenda Bom Jardim’, destaca-se a estruturação das seguintes fazendas, de fins do século XVIII a princípios do século XIX na região que atualmente compreende o município de Bom Jardim: ‘Fazenda Santa Teresa’, ‘Fazenda de Santa Bárbara’, ‘Fazenda da Soledade’, ‘Fazenda da Boa Vista’, ‘Fazenda de Santa Rita’, ‘Fazenda da Barra Alegre’, ‘Rancharia’, ‘Sesmaria de Santo Antônio’, ‘Fazenda Nossa Senhora do Socorro’, ‘Fazenda Barra Alegre’ e ‘Fazenda Campo Alegre’.

Neste processo, os primeiros núcleos populacionais na região que atualmente forma o município de Bom Jardim teriam se formado “na margem do rio São José, na zona compreendida pela Serra dos Órgãos, cuja colonização se atribui à influência irradiadora da cultura cafeeira, para o interior da província, verificado em princípios do século citado (XIX)”. Ao iniciar-se o século XIX, observa-se um crescente afluxo de famílias para a região, que se disseminaram pelos quadrantes das fazendas já existentes. Levas migratórias que eram atraídas pelas possibilidades de desenvolvimento da agricultura na região.


A expansão das atividades agrícolas na região em princípios do século XIX, destinavam-se, principalmente, a abastecer a área mineira com alimentos. Assim, observa-se que neste contexto o interior fluminense foi devassado com a construção de estradas ligando a região mineira ao litoral em que se constituíam fazendas. Desta forma, a área foi sendo progressivamente aberta à penetração de fazendeiros vindos quase sempre de Minas Gerais e que preparam o terreno para o advento das fazendas de café que, já em na primeira metade do século XIX, vinham se “estendendo ao longo do Vale do Rio Grande”.

Fazenda Jorge Tardin em Barra Alegre - Foto: Reprodução da internet

Ao longo deste processo, observa-se que a maioria das fazendas anteriormente instituídas foram sendo divididas e subdivididas nas primeiras décadas do século XIX. Com a dinamização da agricultura na região, grande parte da mata nativa existente acabou por ser derrubada, abrindo espaço para a produção, principalmente, de cafeeiros, como também de cereais e arvores frutíferas, que produziam instigantes colheitas. A expansão da produção cafeeira para esta região teria se dado, sobretudo, a partir da década de 40 do século XIX, fazendo parte do segundo eixo de expansão de produção desta rubiácea: O segundo eixo partiu da baixada fluminense, onde as principais localidades cafeeiras estavam em São Gonçalo e Vila de Santo Antônio de Sá (atual Itaboraí). De lá o cultivo do café chegou a Cantagalo, na década de 1840, e fez uma nova penetração para o nordeste alcançando Nova Friburgo, Aldeia da Pedra (atual Itaocara), Bom Jesus de Monte Verde (atual Cambuci) e São Fidélis de Sygmaringa.


Acerca da produção cafeeira nesta região, merece destaque o papel desempenhado pelo imigrante português Antônio Clemente Pinto, primeiro barão de Nova Friburgo, que enriquecera com o comércio do café e tráfico de escravos. Em meados do século XIX Pinto já possuía: uma das maiores fortunas de todo o país, proprietário de duas dezenas de fazendas, nas regiões de Nova Friburgo, Cantagalo e São Fidélis, e imóveis urbanos, como os palacetes Nova Friburgo (atual palácio do Catete), localizado na Corte, e do Gavião, em Cantagalo.


O processo migratório para a região ainda seria incrementado por suíços e alemães no inicio do século XIX. A partir da segunda década deste século, começaram a ser estabelecidas colônias de migrantes suíços e alemães em Nova Friburgo. As quais somar-se-iam levas de migrantes italianos a partir de fins do século XIX. Neste sentido, lembra-se que as levas migratórias, em inícios do século XIX, eram motivadas pelas dificuldades enfrentadas na Europa. Onde as terras desgastadas tinham um baixo rendimento produtivo e estavam extremamente concentradas nas mãos de poucos latifundiários. Ao mesmo tempo, os impostos eram bastante elevados e a concentração populacional alta. Por sua vez, a intensa industrialização também não apresentava melhoras para grande parte da população, em vista das paupérrimas condições de trabalho oferecidas aos contingentes proletarizados.

O Bar Mercearia Bossa Nova foi construído por Jorge Tarden na década de 1960, em vista do grande número de visitantes que chegavam à propriedade, atraídos pelas partidas de futebol. Ao lado desta edificação havia também a padaria “Panificação Jorge Tardin”, construída no mesmo período do bar. Atrás destas edificações encontra se o campo de futebol. - Foto: Reprodução da internet


Por outro lado, havia o interesse de países com ‘vazios demográficos’, como o Brasil, em atrair estes imigrantes, o que foi realizado através de ações estatais, principalmente na primeira metade do século XIX, como também por meio de empresas colonizadoras, de capital privado, que ganharam maior expressão a partir da segunda metade do século XIX. Com a atração de imigrantes europeus para regiões de terras ‘disponíveis’, o governo imperial Brasileiro objetivava: o branqueamento racial; ocupação de ‘vazios demográficos’, em vista dos constantes conflitos com os países platinos; valorização fundiária destas terras; disseminação de técnicas e produtos praticados na Europa; além da vinculação da produção oriunda destas regiões aos circuitos mercantis estabelecidos.


Com estes objetivos foram distribuídas sementes de centeio, trigo e cevada para os migrantes, como também tentou-se o cultivo de uva na região. Todavia, como em outras partes do Brasil, a colonização se mostrava hostil a floresta e avessa aos seus produtos. Desta forma, os migrantes logo adotaram os procedimentos comuns na agricultura e criação brasileiras fazendo largo uso do fogo como instrumento de destruição da mata. Por outro lado, também passaram a praticar técnicas que contemporaneamente vem sendo percebidas como extremamente sustentáveis, onde o exemplo mais expressivo é a prática do pousio, herança deixada pelos povos indígenas.

Pelas limitações de desenvolvimento da agricultura em grande parte das terras localizadas na região centro nordeste do atual município de Nova Friburgo, muitos migrantes e seus descendentes passaram a buscar novos espaços, que poderiam ser mais produtivos. Desta forma, significativas levas de colonos suíços e alemães acabaram adquirindo terras na região que atualmente compreende o município de Bom Jardim, incrementando o desenvolvimento da agricultura neste espaço, com destaque para a produção de café; como também contribuindo para uma maior complexidade sociocultural neste território.


Juntamente, estas levas de migrantes incrementaram o processo de devastação da fauna e flora da região, que seriam registrados pelo viajante Burmeister em meados do século XIX, quando “lamentava que a beleza e a diversidade da Mata tivessem sido sacrificadas no Vale do Bengala e do Rio Grande. Já não se viam veados, macacos e antas”. Os reflexos do vigoroso desmatamento posto em curso na região a partir de inícios do século XIX, e fortemente dinamizado com a expansão da produção cafeeira para a região, ainda podia ser claramente observado em meados do século XX, conforme é destacado no relatório referente ao município de Bom Jardim, na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, de 1959: O revestimento florístico da região é representado apenas por capoeiras e capoeirões, resultado do devastamento das matas, em épocas remotas, para o plantio do café. É, pois, o município pobre em sua vegetação, muito embora ainda encontrem-se algumas madeiras de lei, como cedro, camélia, peroba, ipê, jequitibá e variedades de plantas medicinais e frutos oleaginosos (IBGE, 1959:).

Paredão ao fundo do distrito de Barra Alegre - Foto: Reprodução da internet

Entretanto, neste aspecto torna-se de crucial importância observar-se os diferentes impactos dos dois sistemas de organização socioprodutivas que coexistiam na região a partir da primeira metade do século XIX. No antigo distrito de Cantagalo dominavam as fazendas escravocratas, promovendo uma verdadeira destruição da floresta. Já nas regiões de maior altitude e com terrenos mais acidentados, em que se destacam três dos quatro distritos Barra Alegre, São José do Ribeirão, Duas Barras, onde não se verificou exploração intensiva do café e de outros gêneros tropicais, a natureza pode ser mais preservada, mas mesmo assim observando-se um significativo desmatamento, também nestas regiões. Somente a partir de meados do século XX observa-se a regeneração de parte destas matas, principalmente nas partes mais elevadas dos morros. Com o constante crescimento populacional da região que atualmente compreende o município de Bom Jardim, a mesma foi elevada a condição de freguesia, em 1857. Conforme relatório do IBGE, de 1959: Esse florescente povoado recebeu o predicamento de freguesia por força do Decreto nº 969, de 13 de outubro de 1857, que estava assim redigido: Artigo 1º - fica ereta em freguesia – com a mesma invocação – a Capela de – São José do Ribeirão – no município de Nova Friburgo.


No período anterior ao último quartel do século XIX a produção de café e demais gêneros agrícolas de menor expressão, produzidas nesta freguesia, era transportada por tropas de muares para a estação da estrada de ferro Cachoeiras de Macacu. O que foi modificado em fins de 1873, com a inauguração de uma estação da Estrada de Ferro Cantagalo na sede municipal de Nova Friburgo, de onde a produção da região passou a ser escoada a partir de então.


A extensão desta Estrada de Ferro para a região que atualmente compreende o município de Bom Jardim parece ter criado sérias controvérsias. Pois, teria sido justamente pelo “fato de se negarem os habitantes da freguesia de São José do Ribeirão a consentir na passagem dos trilhos da Estrada de Ferro Cantagalo por suas terras, receosos de que as fagulhas das locomotivas viessem a danificar suas plantações” que o município tomou o nome de Bom Jardim. Destarte controvérsias existentes, em março de 1875 foi inaugurada a Estação Leopoldina, em Bom Jardim, a qual já estaria em franco funcionamento alguns meses antes de sua inauguração. A inauguração desta Estação teria sido o marco inicial e decisivo do progresso agrícola e comercial, que rapidamente se verificou nestas margens do rio Grande, e foi igualmente o principal motivo para o acelerado crescimento do então pequeno povoado. Com o expressivo crescimento, em 21 de novembro de 1877, foi criado um distrito de Paz no lugar denominado ‘Bom Jardim’.

Pela rua principal de Bom Jardim passavam os trilhos da linha do Cantagalo. Isto acontecia em muitas das cidades do Rio de Janeiro e de outros Estados. Foto: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1958.

Todavia, este vertiginoso crescimento teria sofrido um forte refluxo com a abolição da escravatura no Brasil, em 1888, resultando na derrocada final da economia cafeeira latifundiária escravista do país, que vinham em crise ascendente a partir do último quartel do século XIX. Deste processo resultaram profundas transformações, principalmente na cultura cafeeira, que era a de maior expressão na zona rural da região. Desta forma: as lavouras, em todas as localidades ficaram abandonadas durante algum tempo, mas depois se foram reorganizando aos poucos e mais tarde a produção chegou a nível bastante elevado.

Neste sentido, deve-se observar que grande parte da produção cafeeira na região que atualmente conforma o município de Bom Jardim não sofreu de forma tão drástica com a abolição da escravatura, em vista de a lógica produtiva predominante nas mesmas não ter sido estruturada com mão de obra escrava. Pois Barra Alegre, São José do Ribeirão [que são dois dos quatro distritos que atualmente formam o município de Bom Jardim] Duas Barras e parte do Carmo, onde a influência europeia era forte e o regime escravocrata não tinha lançado raízes tão profundas como noutros recantos da Comarca (de Cantagalo) quase não sofreram o impacto do 13 de maio. Em certo sentido até progrediram mais do que na fase anterior, ampliando seus cafezais e tirando partido da ferrovia a pouco inaugurada para intensificar a produção.

Entretanto, mesmo estas regiões não deixaram de sofrer os impactos do processo de crescente diminuição de produtividade do solo, observável nos cafezais da serra fluminense a partir de fins do século XIX, mas sentido de forma mais incisiva nesta região ao longo dos últimos anos do século XIX e primeira metade do XX.


No conturbado contexto político nacional da última década do século XIX e primeira do século XX, observa-se ter ocorrido intensa movimentação política na região de Bom Jardim. Expressão desta movimentação, conforme destacado no relatório do IBGE, de 1959, foram as constantes redefinições nos marcos políticos administrativos na região: Em 24 de março de 1891, já sob o regime republicano, com a criação do município de Cordeiro, por força do Decreto número 180, Bom Jardim passou a constituir um de seus distritos, sendo desmembrado de Cantagalo. Logo após o Decreto número 280 de 06 de julho deste mesmo ano, vinha criar o município de São José do Ribeirão, tendo sede na povoação do mesmo nome, sendo constituído pela atual freguesia desta invocação, desmembrada do território do município de Nova Friburgo. Pouco tempo, porém, durou esta situação. Pelo Decreto número 1 de 08 de maio de 1892, retificado pelo de número 1-A, de 03 de junho do mesmo ano, foi suprimido não só o município de São José do Ribeirão, voltando a fazer parte de Nova Friburgo, como também – ao qual foi anexado o distrito de Bom Jardim, continuando a pertencer à comarca de Nova Friburgo, como também foi extinto o município de Cordeiro, cujas terras, incluídas as de Bom Jardim, retornaram a Cantagalo. Entretanto, este conjunto de redefinições teria tornado ainda mais complexa a situação político administrativa na região. Assim, ainda em dezembro de 1892, O governo, como que achando uma solução para o problema administrativo daquela região, resolveu, por efeito da Lei que tomou o número de 37, assinada aos 17 dias de dezembro de 1892, restabelecer o município de São José do Ribeirão, ao qual foi anexado o distrito de Bom Jardim, que continuou a pertencer à comarca de Nova Friburgo. No dia 05 de março de 1893, dando cumprimento ao estatuído na Lei número 37, de 17 de dezembro de 1892, que criava o município, foi ele reinstalado, dessa vez, porém, com o nome de Bom Jardim estipulado na legislação. 

Perímetro urbano de Barra Alegre - 4º distrito de Bom Jardim - RJ - Foto: Reprodução da internet

Desta forma, estava então criado o município de Bom Jardim, em 1893, com um número total de habitantes de 13.221. Todavia, poucos anos depois, em 1906, o progresso da região ensejou fosse feita uma nova alteração administrativa na divisão territorial do município, em que, por efeito da Lei número 734, de 21 de setembro de 1906, foi criado mais um distrito de Paz no município de Bom Jardim, sob a designação de 3º, com sede no lugar denominado Barra Alegre. Sendo a Comarca de Bom Jardim criada em 23 de agosto de 1921, Lei de número 1839. Sendo, em 27 dezembro de 1929, a cidade de Bom Jardim, sede do município, elevada a esta categoria, por efeito da Lei Estadual número 2335.


Todavia, em 31 de dezembro de 1943, no contexto da ditadura Estadonovista no Brasil (1937-1945), o nome do município, muito a contragosto de seus habitantes, foi modificado para Vergel, por força da Lei Estadual de número 1056. O que perdurou por um curto período de tempo, retornando a denominação de Bom Jardim em 20 de junho de 1947, em meio as reconfigurações da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, denominação que se mantém até o contexto atual.

O distrito de Barra Alegre no município de Bom Jardim, foi colonizado por migrantes internos oriundos das terras das Minas Gerais exploradas pela obsessão provocada pelo ouro, que trouxe grande riqueza para alguns e imensas desgraças para outros. Os primeiros habitantes da região de Pedra Aguda foram da família Tardim. Eles chegaram por volta de 1880 e, em meados de 1940, foram seguidos pelas famílias Maciel e Schot. A principal atividade destas famílias era a agricultura de subsistência. Sua população teve auge na década de 1970, quando foi fundada a escola municipal, exclusivamente para a comunidade.

Esta fase marca o fim do século XVIII e início do XIX. Mas as ricas terras atraíram também famílias que abandonavam as terras do recôncavo da Guanabara, em buscas de terras mais férteis para a plantação de café, então decadente na região do em torno da baía de Guanabara, na primeira metade do século XIX.


A segunda metade do século XIX marca a chegada de imigrantes suíços e alemães ao território que pertencia à Nova Friburgo. No início do século XX foi à vez da chegada dos italianos. Este caldeirão étnico cultural ainda era complementado pelos africanos e seus descendentes, mantidos como escravos até 1888.


O distrito de Barra Alegre fugiu um pouco do contexto traumático sofrido pelas áreas agrícolas no pós-abolição, fim do século XIX e início do XX. Se observa no Distrito de Barra Alegre, a emergência de iniciativas que visam contribuir com este movimento de redefinição da concepção acerca do rural e de sua revalorização, concebidas como sendo de crucial importância na construção de uma sociedade mais equitativa e menos excludente.


O Distrito de Barra Alegre é considerado um dos distritos mais rurais do Município, possuindo um conjunto de vilarejos agrícolas, com uma grande extensão territorial.

Exposição Agropecuária de Bom Jardim em Barra Alegre - Foto: Reprodução da internet

Destaca-se o período a partir de 2006 onde o Distrito de Barra Alegre passou a ser o novo pólo industrial de Bom Jardim, recebendo diversas fábricas e indústrias do setor de plástico e de outros segmentos, que por conta dos incentivos fiscais, baseados na Lei Estadual nº 5.636/2010 (originalmente 4.533/2005, conhecida como Lei Rosinha) que reduzia a 2% o ICMS cobrado das empresas e também das linhas de crédito do Fundo de Recuperação de Municípios Fluminenses que oferecia créditos a juros de 2%, tiveram as condições ideias para se instalarem na localidade.


A chegada das fábricas impulsionou mais um momento de transformação no Distrito de Barra Alegre que com o aumento populacional - em decorrência da imigração de diversos trabalhadores de outras cidades e estados que estavam em busca de melhores oportunidades de trabalho - ampliou o número de loteamentos, de lojas para prestação de serviços, de postos de gasolinas, entre outros.

Essas transformações continuam em curso na região, em consideração a importância da manutenção dos modos de vida que estão presentes nestas localidades, que passa tanto pela preservação do patrimônio material presente nas inúmeras fazendas do Distrito, como também pela manutenção e fomento das manifestações culturais, como as folias de reis, os grupos de mineiro pau, ou pelos processos de produção que respeitam o tempo da natureza como a produção de composta de doces, de remédios caseiros, das broas no forno a lenha ou das farinhas de moinhos d’águas.

Pedra Aguda é um importante símbolo geológico do município de Bom Jardim, na Região Serrana. De acordo com pesquisas geológicas, a Pedra Aguda, no distrito de Barra Alegre, em Bom Jardim, dividiu-se, ficando uma parte aqui e a outra provavelmente em Angola, no continente africano. De acordo com pesquisas, as rochas granito da localidade têm suas origens relacionadas ao continente Gondwana, pois, na região, podem ser percebidas as relações de idade entre as rochas típicas da Pedra Aguda, que são magmáticas. Essas rochas remontam há cerca de 630 milhões de anos e tiveram, como ápice, a formação da rocha Granito de Barra Alegre, há cerca de 580 milhões de anos. | Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Pedra Aguda é um importante patrimônio natural de Barra Alegre. Ela remonta o período dos deslocamentos das placas tectônicas. Há registros que toda essa região tem uma importância geomorfológica e os moradores têm conhecimento desse fato. Há placas dos departamentos de estudos do estado espalhadas na entrada para a Pedra Aguda, em São Pedro e em Santo Antônio.



A comunidade no entorno da Pedra Aguda formou-se no ano de 1880, com a chegada da família Tardin, que foram os descendentes dos primeiros colonos suíços que colonizaram Nova Friburgo, em 1818.  Posteriormente, juntaram-se a eles as famílias Maciel e Schot, e desenvolveram, ali, a agricultura de subsistência como principal atividade local. 

A região da Pedra Aguda é marcada pela rica flora e fauna da Mata Atlântica, aliada a reservas particulares de patrimônio natural e à vida simples da população rural, conhecida principalmente pelo cultivo de inhame. Além de atrair praticantes de montanhismo, escalada e caminhadas, a região também recebe turistas que buscam como destino um lugar de beleza e sossego entre as montanhas.

Nas redondezas encontra-se o Ecomuseu Rural, que é um equipamento educativo de cultura na comunidade; o Refúgio da Pedra Aguda, com piscinas e acomodações rústicas; a Fazenda Jorge Tardin, que dispõe de piscinas de água corrente, toboágua, parque de diversão, passeio a cavalo, restaurante e pousada. Há, ainda, o Rancho Debossan, com piscina e pousada.


Além de Barra Alegre, o 4º distrito de Trajano de Morais é um dos maiores produtores de inhame da região. Trazido da África para o Brasil pelos portugueses, o inhame foi um dos principais produtos agrícolas cultivados na região. O inhame produzido em Ponte de Zinco e região é considerado especial pelo sabor mais acentuado e pela cremosidade.

A comunidade de Serra das Almas está situada no 4º distrito de Trajano de Moraes, proporciona uma ótima qualidade para a realização de esportes radicais. O local de salto de parapentes chama a atenção de quem visita Serra das Almas, quando está planando (voando) dá para ver ao horizonte parte do mar de Macaé e Rio das Ostras. O aceso à Serra das Almas é feito a partir da RJ 146, estrada que liga Bom Jardim a Trajano de Moraes, que, logo depois de Barra Alegre, há um trevo que direciona à simpática localidade de Serra das Almas, que tem uma bela e inclinada estrada que dá acesso a todo o 4º distrito de Trajano de Moraes. Vendo que seu município tem atraído grande número de esportistas, a Prefeitura Municipal de Trajano de Moraes determinou que as secretarias de obras, turismo e agricultura, dessem total apoio aos visitantes.
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