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Serviço Especial - Frescão

Nos anos 70 o sistema de transporte coletivo da cidade precisava decididamente de um meio com o poder de sedução suficiente de tirar o motorista do carro particular da ida diária ao Centro.



A conjuntura econômica tem especial influência sobre os serviços seletivos. As linhas foram criadas sob o impacto do primeiro choque do petróleo, exigindo soluções que desestimulassem o uso do automóvel particular pela classe média, à época com alto poder aquisitivo para bancar viagens mais sofisticadas. Concomitantemente, a EBTU planejou o transporte carioca a partir da dupla metrô, como transporte de massa, e o frescão, para as classes médias e altas que usariam o carro no percurso casa x trabalho.





Complementando o planejamento, a EBTU sugeria a criação de pistas exclusivas para ônibus e as garagens subterrâneas próximas às estações de metrô. As empresas vendiam pacotes semanais e mensais de passagens, fidelizando o passageiro e reforçando a boa imagem dos frescões. O sucesso da primeira geração dos frescões durou até 1981, ano que abre a "década perdida".



A crise econômica reduziu consideravelmente o poder aquisitivo dos usuários dos ônibus especiais, necessariamente mais caros. Boa parte dos seletivos foi extinta entre 1982 e 1984, restando apenas os mais tradicionais, operados pela Redentor, Real e Expresso Pégaso.

Como as obras do metrô se arrastava, como se arrastam até hoje num rítmo muito pior que nos anos 70, decidiu-se criar linhas de ônibus de padrão executivo, dos bairros para o Centro.


Os primeiros "frescões" da Pégaso, modelo Marcopolo II - Foto: Transporte Público Rio Omnibus



No dia 11 de março de 1966, através do Decreto número 1.042, é criado o serviço de ônibus especiais, estabelecendo o uso de veículos com capacidade mínima para 36 passageiros sentados, ainda sem ar-condicionado. 


Horários da Linha Santa Cruz x Mauá em 1966


Nesse ano é realizada apenas uma concorrência para adjudicação de nova linha de ônibus, ganha pela Expresso Pégaso, que em agosto, com frota de 6 ônibus rodoviários, inaugura a linha Praça Mauá x Santa Cruz, via zona sul e Barra da Tijuca, iniciando a operação da empresa.



O bairro de Santa Cruz, antes somente atendido por trens suburbanos, ganhava sua primeira linha de ônibus com acesso direto ao centro da cidade.

Em 1973 os primeiros coletivos surgiram, levando o cidadão de classe média a um novo universo em termos de transporte público dentro da cidade, ar-condicionado, poltronas reclináveis de couro (sintético, é claro), veículos silenciosos e macios, motoristas educados, rodo-moças, e ausência de pontos de embarque e desembarque, fora os terminais.

As primeiras linhas foram resultado de uma concorrência pública do governo da Guanabara, o alvo era terminar com a balburdias dos carros estacionados em todos os lugares do Centro.




Marcopolo II Mercedes Benz O-355-6 1974 - Foto: Reprodução da internet

A primeira linha do serviço de ônibus seletivo, inicialmente com 6 ônibus com ar-condicionado e poltronas reclináveis, operados pela Viação Redentor, na linha Castelo x Pça Barão da Taquara via Grajaú – com 36 km de extensão em viagem de 50 minutos e tarifa de 4,20 Cr$



Dois anos depois o serviço estava popularizado pela cidade, havendo várias linhas. A Redentor ficou com a Baixada de Jacarepaguá, A Pégaso com a Z. Oeste, a Real com a Z. Sul , a Paranapuam com a Ilha, a Aplha com grande Tijuca, e a Acari com grande parte dos Subúrbios. Além de outras empresas que operavam uma ou duas linhas para os bairros da Leopoldina e Z. Norte.



De forma geral, as linhas especiais seguiam as áreas operacionais das empresas, com algumas exceções. Por exemplo, Caprichosa e Três Amigos passaram a operar no Centro, enquanto a Matias e a Viação Acari rodaram a Castelo x Campo dos Afonsos.





Com o passar dos anos muitas linhas foram sendo extintas ou fundidas com outras, algumas empresas passaram suas linhas para as que dominavam o serviço de ônibus especiais na região, e muitas linhas foram abandonadas pela pouca rentabilidade, principalmente nos priemeiros anos da década de 80, com o início da perda do poder econômico da classe média. 


Frescões - Foto: Foi um Rio que passou

Até o lamentável fim dos Frescões para a Z. Norte em 1985. Os ônibus da Real em suas linhas da Z. Sul transportaram em julho de 1978 mais de 500 mil pessoas, um número impressionante, num cenário pré-metro.


Avenida Rio Branco no final da décadas de 70 - Foto: Reprodução da internet
Linhas como a Castelo x Bairro Peixoto, extinta com alegada pouca demanda por volta de 84, transportaram nesse mês mais de 70 mil passageiros, isso tendo passando pelo bairro as linhas com destino ao Leblon, São Conrado, Bar 20 e Posto VI essa transportando impressionantes 100 mil passageiros. Os frescões chragavam a para na Av. Erasmo Braga, transformada em terminal para parte das linhas de ônibus especiais, que não cabiam dentro do Terminal Menezes Cortes, sub dimensionado para os coletivos, pois se pensou primordialmente em lojas e garagem para automóveis.






Terminal Rodoviário Erasmo Braga

Construído e inaugurado na década de 50, o terminal abrigava as linhas de ônibus do Castelo até o início da década de 60, quando em 1962 foi transformado em terminal de trólebus.

Terminal Erasmo Braga antes de se transformar no ponto inicial das linhas de ônibus elétricos da CTC em 1962. - Foto: Reproduçã da internet

Modelo Carbrasa urbano de 1959 da empresa Auto Diesel servindo a antiga linha 200 Castelo / Marechal Hermes (atual 378), então no ponto de embarque do Terminal Erasmo Braga, no Castelo - Foto: Classical Buses

Nos anos 70 o terminal se torna um canteiro de obras para dar lugar ao novo terminal, o Terminal Garagem Menezes Cortes, inaugurado em 1973.


Terminal Garagem Menezes Cortes

O Terminal Garagem Menezes Côrtes, ou simplesmente Terminal Castelo foi construído em 1973, atendendo às linhas de frescões que foram inauguradas naquele ano. A obra foi concluída em 1º de maio de 1973, e foi de responsabilidade da FTREG (Fundação dos Terminais Rodoviários e Estacionamentos da Guanabara).



O terminal é diferenciado dos demais por abrigar apenas ônibus seletivos (com poltronas estofadas e reclináveis e/ou ar-condicionado) com destino a vários pontos da Região Metropolitana, com isso, recebeu o apelido de Terminal dos Frescões (apelido criado pela população carioca pelos ônibus do tipo).

Durante os dias úteis, são fornecidas linhas rodoviárias com destinos as Zona Oeste, Niterói, Maricá, Baixada Fluminense e Região Serrana.


Construção do edifício garagem Menezes Cortes - Foto: Reprodução da internet

Localizado no Centro da Cidade, o terminal fica próximo a uma estação de metrô (Estação Carioca), Estação de VLT (Estação Carioca) e uma estação de barca (Estação Praça XV). A inauguração do então chamado Edifício Garagem Menezes Côrtes ocorreu em 1973, substituindo o antigo Terminal Rodoviário Erasmo Braga, com o objetivo de retirar os automóveis nas ruas para organizar o trânsito nas imediações.






Terminal Rodoviário Erasmo Braga - Foto: André Decourt

Desde então, por sua fácil acessibilidade por todas as regiões da cidade (através do metrô no Largo da Carioca e da barca) e por estar situado na região central (mais próximo, assim, da Perimetral e do Aeroporto Santos Dumont), o terminal mantém a tradição de realizar apenas viagens curtas para alguns pontos do estado.

A viagem mais longa atualmente é a com destino à Nova Friburgo, em um trajeto de 159 km. O terminal não atende a nenhum outro estado brasileiro assim como não faz viagens ao interior.



Criada em 1998, a TGMC S.A. deixou de ser propriedade do Estado após um leilão de privatização realizado no mesmo ano. Em 2000, a empresa deu entrada no processo de abertura de capital e suas ações passaram a ser negociadas em Mercado de Balcão Organizado.



Edifício Garagem Menezes Cortes - Foto: TGMC SA

O único ativo da TGMC S.A. é também o prédio onde funciona a empresa, no Centro do Rio de Janeiro. O complexo, distribuído em 16 andares, possui cerca de 100.000 m² e abrange a operação de 235 lojas comerciais, no Térreo e na Sobreloja, além de cerca de 3.500 vagas de estacionamento. A base do prédio, onde funciona o Terminal Rodoviário, é alugada à CODERTE, estatal vinculada à Secretaria de Transportes do Governo do Rio de Janeiro.




Do 2º ao 14º andar localizam-se as vagas de estacionamento, enquanto a universidade Estácio ocupa o 15º piso e o 16º andar recebe a administração da TGMC S.A.


O serviço de frescóes era dividido por áreas operacionais de serviço:


AS-1 Real Auto Ônibus

Castelo x Copacabana
Castelo x Jardim de Alah
Aeroporto Internacional x São Conrado
Castelo x Leblon
Castelo x São Conrado
Castelo x Bairro Peixoto
Castelo x Leme
Rodoviária x Leblon
Estrada de Ferro x General Osório






AS-2 Transportes São Silvestre Ltda

Castelo x Hotel Nacional
Rodoviária x Laranjeiras
Rodoviária x Hotel Nacional
Castelo x Urca




AS-4 Auto Viação Alpha

Castelo x Usina
Castelo x Grajaú
Castelo x Grajaú via Vila Isabel




AS-5 Rodoviária Âncora Matias Ltda

Castelo x Engenho de Dentro




AS-6 Auto Viação Três Amigos

Castelo x Vicente de Carvalho
Castelo x Penha




AS-7 Viação Forte SA

Castelo x Vaz Lobo
Castelo x Vila da Penha



AS-8 Caprichosa Auto Ônibus

Castelo x Vista Alegre
Castelo x Irajá




AS-9 Viação Acari SA

Castelo x Campo dos Afonsos
Castelo x Oswaldo Cruz
Castelo x Vila Valqueire
Castelo x Cascadura
Castelo x Madureira via Meier






AS-10 Auto Diesel SA

Castelo x Bento Ribeiro
Castelo x Pavuna
Castelo x Anchieta




AS-11 Viação Redentor

Castelo x Taquara
Castelo x Praça Seca
Castelo x Freguesia




AS-12 Viação Campo Grande

Castelo x Santíssimo
Castelo x Senador Camará




Antiga Linha 2122 Castelo x Santíssimo; operada pela Transportes Campo Grande, que nesta época também operou a Antiga Linha 2121- Castelo x Senador Camará na década de 1980



AS-13 Expresso Pégaso

Castelo x Campo Grande
Castelo x Santa Cruz




AS-14 Transportes Paranapuan

Castelo x Bananal
Aeroporto Internacional x Santos Dumont
Castelo x Bancários
Castelo x Cocotá
Castelo x São Conrado





Serviço Executivo

Os ônibus Marcopolo, da primeira geração, que ficaram no imaginário do carioca, por seu formato peculiar e particularidades com o letreiro iluminado na traseira dos carros com os dizeres “ar-condicionado” sofreram muito com a encampação no governo Brizola, praticamente virando sucata. Pelos investimentos do governador no Metrô e nos ônibus especiais o caudilho devia achar que a classe média deveria usar o carro, engarrafando ainda mais a cidade, e trazendo o caos para o Rio, que pelo visto era o objetivo do governante.


Também nos anos 90, o Grupo Rubanil operou o serviços nas linhas 1077 Castelo x Madureira, 1088 Passeio x Vista Alegre, 1099 Passeio x Pavuna e  1201 Passeio x Irajá - Foto: Acervo Cia de Ônibus

Um capítulo especial foi escrito pelos executivos, em realidade os ônibus rodoviários sem ar. Iniciadas em 1990-91, as linhas executivas são a base do atual sistema:



1045 - Castelo x Vila Valqueire via Av. Suburbana, atual 2345.



1045 Castelo x Vila Valqueire via Norte Shopping
1051 Castelo x Engenho de Dentro (EXPRESSO)
1094 Castelo x Vila Valqueire via Marechal Hermes
1095 Castelo x Pavuna
entre várias outras rotas, nasceram nesta época.



Em dezembro de 1990, a Viação Ideal estreou no serviço seletivo com onbze unidades do modelo CMA Flexa Azul I em suas linhas que partem da Ilha do Governado para o Castelo.
O serviço funcionava de segunda à sexta-feira de 5:45 às 22hs. Com partidas em diversos horários.



A venda de passagens era antecipada, havendo bilhetes diários, semanais e quinzenais, com direito ainda à reserva do assento. A venda das passagens era realizada no Supermercado Paes Mendonça do Jardim Carioca - Ilha do Governador.



CMA Flecha Azul I, montado sobre o chassi Scania K112CL.
A conturbada conjuntura do Governo Collor, com o bloqueio dos cruzados novos e a escassez de álcool, forçou uma alternativa barata para os usuários de veículos particulares. A estabilização da economia causada pelo Plano Real, na segunda metade dos anos 90, faz surgir um novo mercado para serviços especiais.



As renovações das linhas indicam esta tendência: se antes o padrão era franciscano, agora os novos ônibus têm ar-condicionado e poltronas mais confortáveis. O consumidor, com mais dinheiro para escolher o serviço que melhor lhe atende. Muitas empresas reduzem as tarifas, lançam novas linhas ou lançam mão de micros para reduzir os intervalos e segurar o passageiro.



Nos anos 2000 novas mudanças transformam o sistema. Atualmente, os serviços especiais sofrem a sólida concorrência do transporte alternativo, além da queda no padrão dos ônibus utilizados.



Em muitos casos a demanda potencial existe, mas há problemas com a tarifa aplicada e a operação. Em outros, como havia na Zona Sul, o excesso de linhas dispersa a demanda e dificulta a prestação do serviço. Por fim, há a substituição dos ônibus convencionais pelos frescões, como fez a Oeste.





Padronização da frota

Em novembro de 2010 surgiram novas regras para os ônibus da cidade do Rio de Janeiro. Entre as mudanças, além da identificação das frotas por cores padrão, estão a implantação de câmeras de vídeo, tacógrafos eletrônicos e o uso do rastreador GPS para acompanhar a movimentação da frota.



Em 2013 a Prefeitura do Rio determinou a padronização do layout dos ônibus do tipo frescão que circulam na cidade, dando continuidade ao processo iniciado com a padronização dos ônibus urbanos em 2010. O objetivo da nova identidade visual é uniformizar a frota a fim de facilitar a identificação dos coletivos e harmonizar a paisagem urbana.



A cor predominante dos frescões passa a ser o azul, com pintura de faixa colorida e indicação alfanumérica para diferenciar os consórcios, conforme detalhamento abaixo:



A - Consórcio Intersul (Zona Sul) - Amarelo
B - Consórcio Internorte (Zona Norte) - Verde
C - Consórcio Transcarioca (Barra, Jacarepaguá e Recreio) - Azul
D - Consórcio Santa Cruz (Zona Oeste) - Vermelho



Além disso, a nova padronização conta com identificações adesivadas do serviço executivo instaladas na traseira, frente, laterais e capota superior externa. Os ônibus rodoviários também dispõe de ar-condicionado e equipamentos de acessibilidade.


Empresas Seletistas

Em 2011 surge a Premium Auto Onibus a partir de uma cisão das linhas do antigo serviço rodoviário da Real Auto Ônibus, ficando a Real Auto Ônibus com o serviço urbano, e a Premium Auto Ônibus com o serviço executivo.




Outra empresa criada para operar as linhas executivas foi a Expresso Recreio, que estreou os serviços em linhas da região da Barra da Tijuca e Recreio oriundas da Expresso Pégaso no anos de 2014. Criada em cisão de parte da Expresso Recreio, a qual adquiriu as linhas, em menos de um mês em operação se desvinculou totalmente da Expresso Pégaso e passou a ser administrada apenas pelo Grupo Guanabara, mas precisamente pelo Subgrupo Braso Lisboa.







Referências Bibliográficas

DETRO - Departamento de Transporte Rodoviário, CODERTE - Companhia de Desenvolvimento Rodoviário e Terminais,, Transporte Público Rio Omnibus, Foi um Rio que Passou, Bus Serviços de Agendamento SA, Marcelo Almirante, DGTC - Departamento Geral de Transportes Concedido, Expresso Recreio, Ônibus Brasil, Laurobus Barbosa, Ônibus Antigos e Modernos das empresas do Rio de Janeiro, Cia de Ônibus, Rio ônibus Antigo, Terminal Garagem Menezes Côrtes S.A., Ônibus em Debate, Transporte Público Rio Ômnibus, Super Carioca, Fotolog, Flogão Ônibus Antigo, Viação Ideal, Jornal Extra Online, Rio Ônibus.
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Corredores Cariocas - Linha Verde

De acordo com o projeto original, esta via ligaria a Via Dutra ao bairro da Gávea, passando pela Tijuca. Um túnel sob o Maciço da Tijuca, ligando a Rua Uruguai, na Tijuca a Praça Santos Dumont, na Gávea, faria a ligação desses dois bairros.


Transportes Estrela Azul na linha 310 Praça XV x del Castilho voa Automóvel Clube
Foto: Acervo Transportes Estrela Azul
A construção desse túnel no entanto é controversa, pois existe a alegação que iria desvalorizar o entorno da Praça Santos Dumont, fato que não necessariamente possa ser verídico, a exemplo do entorno da entrada do Túnel Rebouças situado no nobre Bairro da Lagoa. Soluções como pequenas mudanças no traçado do túnel poderiam resolver tal problema caso se constatasse sua veracidade.



A questão é que sua construção desafogaria o já superlotado Túnel Rebouças. Seu trajeto mais provável (com alguns possíveis cortes de rua e elevados) seria:

Saindo da Gávea sentido Zona Norte pelo Túnel da Rua Uruguai - Rua Uruguai (por meio de um elevado ou mergulhão, solução mais estética) - Túnel Noel Rosa - Viaduto Proc. José Alves de Morais - a partir de Del Castilho passa a acompanhar o trecho carioca da antiga Estrada de Ferro Rio d'Ouro a atual linha 2 do metrô que hoje passa pelo canteiro central da Avenida Pastor Martin Luther King Junior cortando outros bairros da Zona Norte, tais como Vicente de Carvalho, Irajá e Colégio, chegando finalmente a Via Dutra através da Estrada Rio D'Ouro.


Trecho de sete quilômetros da duplicação da Av. Automóvel Clube, de Del Castilho até a Pavuna
Foto: Emílio Ibrahim
Pelo traçado acima, a Linha Verde cruzaria a Linha Amarela na altura de Del Castilho, a Avenida Brasil na altura de Coelho Neto, desembocando na mesma altura da Via Dutra onde se encontra o término da Linha Vermelha. 



Viaduto sobre a Rua Embaú e ponte sobre o Rio Acari, próximos à Rodovia Presidente Dutra
Foto: Emílio Ibrahim
Seu projeto é inconcluso, pois somente alguns trechos dessa via foram construídos. Dentre eles o elevado Proc. José Alves de Morais que liga o túnel Noel Rosa ao Jacaré/Cachambi, percebe-se claramente pistas inacabadas que certamente serviriam a um trânsito futuro mais intenso.
Outro exemplo é a Estrada Rio d'Ouro, com o viaduto sobre a Rua Embaú, que está amplamente abandonada, atualmente servindo basicamente para passagem de cargas de transportadoras sediadas na Pavuna.

Atualmente o trecho entre o Túnel Noel Rosa e A Estrada do Rio D'Ouro compreende à Estrada RJ-083.



Distrito Industrial da Pavuna - O Parque Colúmbia

Por volta de 1950, algumas poucas pessoas se fixaram à região. Neste época, a urbanização era escassa, não havia fornecimento de energia elétrica nem de água potável. A rua Embaú, atual rua principal, não era asfaltada, a estrada ainda não tinha sido pavimentada.

A paisagem era composta de muitos coqueiros e os terrenos eram cobertos por mato. Neste período, a pesca de peixe e camarão no Rio Acari era a principal atividade econômica das famílias da região. No rio Acari, que margeia o bairro, era possível encontrar camarões e até peixes, que eram o sustento para as poucas famílias que viviam no local.



Em 1956 o Projeto de Arruamento e Loteamento Misto, Proletário e Industrial, a 229 metros da rodovia Presidente Dutra, entre o rio Acari e a rua Embaú, resulta em 7 ruas. O projeto foi implantado na propriedade da empresa “Ferrometais Colombo Comércio e Indústria S.A., por isso o nome “Parque Colúmbia”.



Em  1960 o projeto de loteamento popular (PAL 23173) no lado ímpar da rua Embau, na propriedade da empresa “Mercúrio Engenharia Urbanização e Comércio Ltda”, dá origem a 7 ruas e à Praça Somália. O bairro foi criado oficialmente pela Lei Nº 1787 em 23 de abril de 1999 com a alteração do bairro da Pavuna, ao qual pertenciam essas terras.


Avenida Automóvel Clube

Em 1724 foi aberto um caminho por Bernardo Soares de Proença. Esse caminho partia de São Cristóvão e seguia em direção à Pavuna, na época uma imensa fazenda nos limites do Rio de Janeiro. Da Pavuna, se deslocava para o Arraial do China, ainda na baixada fluminense. Dali seguia para a Fazenda Santa Cruz. Na etapa seguinte seguia até Raiz da Serra e subia a serra pela Serra da Estrela.



A Pavuna era o ponto de encontro das tropas que vinham do interior para o Rio de Janeiro e vice-versa. Era também o melhor local para travessia de tropas, porque ali o rio tinha menor profundidade. Dirigindo-se ao Rio, a geografia da época mandava seguir por onde é hoje Colégio até Benfica, e daí chegava-se a São Cristóvão, sede do Governo Imperial.

Da Pavuna para a Baixada, entrava-se para onde é hoje São João de Meriti e se espalhava por três caminhos: a Estrada das Minas, a estrada da Fazenda São Matheus e a Estrada da Polícia, construída em 1820 em direção a localidade onde é hoje Belford Roxo e dai galgando a Serra do Mar em direção a atual Vassouras.


Plano Automóvel Clube

Os primeiros estudos realizados para o traçado desta estrada, que seria construída a partir do povoado da Pavuna, indicavam para adentrar a Baixada Fluminense aproveitando a larga ponte de pedra que dava passagem à linha férrea do Rio d’Ouro, complementada por extenso aterro no outrora caminho dos tropeiros.




Foto da inauguração em 1926 da Estrada Automóvel Clube, 1ª Estrada Rio-Petrópolis - Foto: Reprodução da internet

Em 1916, a estrada da Pavuna, pelas obras de arte existentes e, principalmente pelas pontes e bicas de água potável distribuídas regularmente de espaço a espaço, era antigamente uma excelente estrada de rodagem que penetrava pelos centros mais afastados do Estado de Minas. O esquecimento que ficou relegado essa região, lembrando que a Estrada de Ferro Rio d`Ouro, assentou seus trilhos bem no meio da ponte construída para estrada de rodagem, reduzindo seu restante numa extensa vala, graças a inexistência de bueiros.


Estrada União & Indústria Data provável final do século XIX - Foto: Acervo Humberto Ferreira

Sua construção deveria seguir da Penha a Meriti (Caxias), em vez da estrada Benfica a Pavuna, por ser mais curto e evitar os pântanos, providenciando até o alargamento daquela estrada e sua “macadamização”. Entretanto o primitivo projeto do Automóvel Clube, (o qual foi construído), seguia pela Pavuna, São João de Meriti, Fazenda de São Bento, Pilar, prosseguindo quase em linha reta até Santa Cruz (da Serra).


Avenida Automóvel Clube próximo a estação Meio da Serra em 1926 - Foto: Reprodução da internet
A estrada a partir daí, contornando “uma montanha”, atravessava solos secos e grande quantidade de fazendas, outrora opulentas: Santa Cruz, da Taquara, da Tocaia e do Fragoso. Da Raiz da Serra até a cidade de Petrópolis a estrada do Automóvel Clube vai, mais ou menos ladeando a linha da Leopoldina Railway.



Distrito Industrial do Jacaré

O bairro do Jacaré passou a ser efetivamente urbanizado e ocupado na década de 1920. Nessa época, iniciou-se a Favela do Jacarezinho, que se expandiu no decorrer dos anos entre o rio Jacaré e a antiga Fábrica Cruzeiro (depois General Electric - GE).


Região da Baixada de Inhaúma - Foto Reprodução da Internet

Seu nome deriva de YACARÉ (o “que é torto, sinuoso”), alusão às voltas que dá o rio Jacaré, que nasce no morro do Elefante e atravessa a região historicamente pertencente ao Engenho Novo dos jesuítas.



Em 1992, a área do Jacarezinho foi desmembrada do bairro do Jacaré. No local atualmente ocupado pela Congregação Salesiana (rua Luis Zanchetta), antigo Solar do Conselheiro Magalhães Castro, existiu um Fortim com guaritas e canhões, mandado construir pelo Conde de Rezende entre os anos de 1793 e 1795 no morro das Palmeiras, atual Jacaré, devido a sua posição estratégica, dominando todo o Arraial da Venda Grande, a Estrada Real de Santa Cruz (Suburbana), a praia Pequena e Benfica.


Ônibus enguiçado no Buraco do Lacerda - Foto: Reprodução da internet

Buraco do Lacerda após forte temporal
Foto: Reprodução da internet
Na década de 1960, o governador Carlos Lacerda promoveu a ida de várias indústrias para o bairro de Jacaré, criando o chamado “Complexo Industrial do Jacaré”, entre o rio Jacaré, as ruas Viúva Cláudio e Bráulio Cordeiro. Também abriu uma passagem por baixo da Linha Auxiliar, ligando o bairro a avenida Dom Helder Câmara (antiga Suburbana), ganhando dos moradores o nome de “Buraco do Lacerda”.




Concentração de água da chuva após temporal no Rio - Foto: Reprodução da internet

O Complexo Industrial do Jacaré ocupava cerca de 15 ruas do bairro com indústrias de calçados, bolsas, farmacêuticas, de vidros, roupas, metalúrgicas, de café, entre outras. Com a crise econômica das últimas décadas do século XX, a maioria de suas indústrias faliram ou tiveram as suas unidades reduzidas. Atualmente se verifica na região um grande número de galpões e prédios fechados, cercados por comunidades de baixa renda.



O principal acesso é a chamada “Linha Verde”, integrada ao túnel Noel Rosa e parcialmente construída na década de 1970, via projetada nos anos de 1960, ligando o Jacaré a Vila Isabel e a Maria da Graça.





Túnel Noel Rosa

A inauguração em 1978 desta passagem de 1.187 (mil cento e oitenta e sete) metros, contando com duas galerias sobrepostas de nove metros de largura cada, tem uma significância que vai além da ligação, em ambos os sentidos, do bairro de Vila Isabel ao do Sampaio, sob a serra do Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro.


Abertura do Túnel Noel Rosa na década de 60 - Foto: Reprodução da internet

Na realidade, existe uma nítida concentração de túneis servindo a Zona Sul e a Barra da Tijuca, que em geral abrigam a maior parte da população de alto poder aquisitivo da cidade.



Em oposição a este perfil que reforça a segregação espacial, também no momento da distribuição e implantação de equipamentos urbanos, o Túnel Noel Rosa se apresenta como o único túnel cujo funcionamento veio a atender exclusivamente a Zona Norte, propiciando uma nova ligação entre as áreas de influência da Tijuca e do Méier, (subcentros comerciais de expressão), além de ser parte integrante da Linha Verde, um conjunto de vias que se conecta à rodovia Presidente Dutra, uma das principais referências em matéria de estrada de rodagem no Brasil, ligando o Rio de Janeiro a São Paulo.


Construção do Túnel Noel Rosa em Fevereiro de 1975
Pista superior ligando os bairros de Sampaio e Vila Isabel e pista inferior no sentido contrário.
Foto: Márcio Pinho

Ao se abordar o Túnel Noel Rosa, faz-se necessário a concessão de um parêntesis neste estudo para a lembrança da obra daquele a quem empresta o nome. Noel de Medeiros Rosa nasceu em 1911 em Vila Isabel, bairro da Zona Norte carioca, sendo considerado um dos seus filhos mais ilustres. Noel Rosa vem sendo homenageado até hoje através das inscrições contidas nas calçadas do boulevard 28 de Setembro – principal logradouro do bairro – sob a forma de uma pauta musical, FEV -2004 39 contendo trechos musicais compostos pelo chamado “poeta da vila”.



A associação entre o marco de engenharia representado pelo Túnel Noel Rosa e por suas vias auxiliares e o famoso compositor, de vida meteórica, cujo cancioneiro refletiu a crônica social de uma cidade que se urbanizava com rapidez, trazem destaque para a Zona Norte, área densamente povoada, carente de áreas verdes, se comparada com a Zona Sul, e posta em segundo plano nos projetos de melhoria na qualidade de vida da cidade, mas que, no entanto, sempre contribuiu do âmbito econômico ao cultural na construção e no incremento da chamada “Cidade Maravilhosa”.


Túnel Noel Rosa - Vila Isabel / Engenho Novo. Junho de 1989 - Fotografia: Marcio Pinho Pereira
Com o aprontamento do Túnel Noel Rosa, em 1978, foi amenizado o emprego da política segregadora que rege a alocação de equipamentos urbanos, concentrados na Zona Sul da cidade. Seu funcionamento veio atender com exclusividade a Zona Norte, interligando as áreas de influência dos subcentros da Tijuca e do Méier.



Entretanto, cabe ser enfatizado que apesar da prática de segregação espacial ter sido identificada em várias passagens ao longo desta pesquisa, seu entendimento e aplicação não podem ser apreendidos de forma radical.




As facilidades de comunicação e mobilidade dirigidas às áreas de maior poder aquisitivo e centralidade, de todo modo, beneficiam à massa da população, mesmo aos residentes em bairros periféricos, carentes de infra-estrutura e meios de transporte. Em macro-escala o efeito “revascularizador” dos túneis atua radialmente, ajudando a encurtar distâncias, minimizando os efeitos da desigualdade social, na medida em que se abrem caminhos para maiores oportunidades de trabalho, serviços e lazer, a todos os segmentos da cidade e, por extensão, à região metropolitana do Rio de Janeiro.



Túnel de ligação Uruguai x Gávea

Não obstante a deferência à Zona Norte, existiu um projeto que não saiu das pranchetas, incluso no Plano Rodoviário Estadual de 1976, complementando o traçado da Linha Verde (de forma diferente do atual) com a construção de um túnel que ligaria a rua Uruguai na Tijuca (Zona Norte) até a Gávea (na Zona Sul), seguindo o fluxo de veículos pelo atual Túnel Zuzu Angel até a Barra da Tijuca.



O plano foi abandonado, dentre vários motivos, devido ao seu orçamento ser excessivamente dispendioso, à previsão na concentração do trânsito local, versus a baixa eficácia prevista para a sua operação e ao forte impacto ambiental a que seriam submetidas determinadas áreas verdes da Zona Sul, protegidas e valorizadas, como o Horto Florestal, o próprio Jardim Botânico e as cercanias da praça Santos Dumont no bairro da Gávea.



Apesar disso, mais caro da construção da Linha Verde, que seria esse túnel entre a Tijuca e a Gávea, parece não ter tido força econômica suficiente para ser efetivado.


Mesmo sendo uma obra custosa, de porte colossal e eficiente do ponto de vista geográfico, a integração da Tijuca com a Zona Sul nesses moldes dispunha igualmente de um interesse político bastante expressivo na época, algo que perdurou até meados dos anos 2000. Afinal, ambas regiões eram as duas maiores concentrações de alta renda da cidade em meados do século XX, habitadas majoritariamente por uma classe dominante e influente. 

Vale lembrar que intervenções segregacionistas eram - e ainda costumam ser - muito comuns entre áreas socioeconomicamente distintas (vide a remoção das favelas na Zona Sul por Lacerda), embora perceba-se, em contrapartida, que intervenções "integracionistas", isto é, entre regiões com grande concentração de renda, eram - e ainda costumam ser - de muito interesse, ocorrendo sempre que possível.







Um exemplo rápido e ilustrativo a esse argumento é a junção da Grande Tijuca com a Zona Sul no mapa funcional do Plano Diretor do Rio de Janeiro, que a definiu como um único território de planejamento (Área de Planejamento 2).


O ex-prefeito Cesar Maia cogita a ideia de se fazer o túnel metroviário



Neste sentido, no início dos anos de 1980, o Governo do Estado desengavetou o projeto do Túnel da Rua Uruguai, mas transformando-o num túnel metroviário. Com a inauguração das estações tijucanas do metrô em 1982, a ideia era levá-lo da Praça Saens Peña até a Rua Uruguai e, de lá, à Praça Antero de Quental, no Leblon. A estação da Rua Uruguai seria construída no espaço do então Colégio Batista Brasileiro, hoje ocupado pela Universidade Cândido Mendes, na Muda.




Referências Bibliográficas


O Passeador Tijucano, Jornal O Globo, Jornal do Brasil, TGVBR Ferrovias Brasil, Rio das Ostras In Focus, Instituto Pereira Passos, Márcio Pinho, Monumentos do Rio, Jacarezinho História e Noticias, Cia de Ônibus, Estações Ferroviárias, Relatos de Viagem Etc. 
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